Março 3, 2025

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Hábitos Peculiares

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Eu sempre quis isso. Dividir um apartamento com alguém, sabe? Não qualquer pessoa, claro — uma melhor amiga, aquela figura que os filmes de Hollywood pintam com tanta perfeição. Aquelas comédias românticas que eu devorava na adolescência, com mulheres rindo alto em quartos bagunçados, trocando segredos sobre garotos enquanto dividiam uma garrafa de vinho roubada do armário dos pais. Era bobo, eu sei, mas era o meu sonho. Cresci com um irmão mais velho que mal olhava na minha cara, sempre trancado no quarto jogando videogame ou saindo com os amigos. Dividir um espaço com alguém que realmente me visse nunca aconteceu — até agora.

O sol da manhã entrava pela janela do meu novo quarto, batendo nas caixas de papelão espalhadas pelo chão. Eu estava sentada na cama, ainda sem lençol, olhando o teto descascado e tentando absorver que aquilo era real. Meu primeiro apartamento. Não era exatamente o loft chique dos filmes, com janelas enormes e uma vista da cidade, mas era meu. Nosso, melhor dizendo. Eu e Madu. O pensamento dela me fez sorrir sem querer, e eu me levantei para abrir uma das caixas, pegando um vestido florido que joguei no colchão. Ainda tinha tanta coisa pra arrumar, mas a empolgação não me deixava ficar parada.

Conheci Madu na faculdade, logo no primeiro semestre. Eu tinha 19 anos, recém-saída do interior, ainda tentando entender como sobreviver às aulas e às noites mal dormidas. Ela apareceu numa roda de amigos no boteco ao lado do campus, um lugar com mesas de plástico e ventiladores barulhentos que nunca davam conta do calor. Eu estava lá, segurando uma cerveja gelada que alguém tinha me passado, meio deslocada entre os rostos novos, quando ela chegou. Madu era o tipo de pessoa que você nota de cara: cabelo cacheado voando solto, um sorriso que parecia iluminar o lugar inteiro e uma energia que fazia todo mundo virar pra ouvir o que ela dizia. Ela estava contando uma história qualquer — algo sobre ter derrubado um copo de suco na aula e convencido o professor que era parte de um experimento —, e eu ri tanto que quase engasguei com a cerveja.

Foi naquela noite que ela jogou no ar, entre um gole e outro:

— Tô procurando alguém pra dividir o apartamento comigo, sabe? Tá ficando caro sozinha.

Eu levantei a mão antes mesmo de pensar direito.

— Eu! — soltei, e ela virou pra mim com aqueles olhos castanhos brilhando, como se eu tivesse dito a coisa mais genial do mundo.

— Sério? Então tá combinado!

Não éramos exatamente amigas — mal tínhamos trocado mais de dez frases antes disso —, mas Madu tinha aquele jeito que te puxava pra perto. Em meia hora, entre risadas e umas batatinhas fritas murchas, ela me convenceu que éramos praticamente irmãs. Trocamos números, ela me mandou o endereço no dia seguinte, e aqui estou eu.

O apartamento não é grande coisa, mas é perfeito pra nós duas. Uma sala com um sofá velho que afunda quando você senta, uma TV pequena que pega mais chuvisco do que canal, uma cozinha apertada com azulejos descascados e uma pia que já viu dias melhores. Cada uma tem seu quarto — o meu com uma janela que dá pra um prédio vizinho, o dela com uma cortina colorida que eu ainda não vi aberta. O banheiro é o único espaço que dividimos de verdade, com um espelho embaçado e um chuveiro que às vezes resolve pingar mais do que jorrar. É simples, barato, fica a poucos quarteirões da faculdade. Pra mim, é o começo de tudo que eu sempre quis.

Eu terminei de arrumar a pilha de roupas no armário e me olhei no espelho do quarto — cabelo castanho ondulado caindo nos ombros, olhos verdes meio cansados, mas brilhando de um jeito que eu quase não reconhecia. Era isso. Minha vida de mulher independente, como em Friends ou Sex And The City, estava começando.

Na manhã seguinte, eu acordei cedo. O sol já invadia o quarto, e eu pulei da cama com uma energia que nem sabia que tinha. Peguei minha escova de dentes e fui pro banheiro, ainda de pijama — um short velho e uma camiseta larga —, esfregando os olhos enquanto abria a torneira. O espelho estava embaçado do banho que eu tinha tomado na noite anterior, e eu passei a mão pra limpar, vendo meu reflexo surgir aos poucos. Comecei a escovar os dentes, o som da escova contra os dentes ecoando no silêncio da manhã. Foi aí que ouvi o ranger do piso de taco.

O apartamento é velho, daqueles com chão de madeira que reclama a cada passo. Eu sabia que era Madu antes mesmo de ela falar — só ela andava com essa leveza, como se o mundo fosse um palco e ela estivesse dançando.

— Posso escovar os dentes aí com você? — perguntou, a voz alegre cortando o ar.

— Claro — murmurei, a boca cheia de espuma, sem tirar os olhos do espelho.

Não sei por que não virei logo. Talvez porque estava meio zonza de sono ainda, ou porque achei que ela ia pegar a escova e esperar eu terminar. Mas então eu virei.

E congelei.

Madu estava ali, parada na porta do banheiro, segurando a escova de dentes na mão direita. Completamente nua. Não um “quase nua” de quem tá de calcinha ou enrolada numa toalha — nua mesmo, do jeito que veio ao mundo. Minha escova parou na boca, a espuma escorrendo pelo canto enquanto eu piscava rápido, tentando entender o que estava vendo. Meus olhos, quase por vontade própria, desceram pelo corpo dela antes que eu conseguisse puxá-los de volta.

A pele dela era morena, daquele tom quente que parecia pegar a luz do sol mesmo dentro de casa, lisa e sem marcas além de uma tatuagem pequena no ombro esquerdo — um girassol, com pétalas delicadas que pareciam desenhadas à mão. O cabelo cacheado caía solto, uma cascata preta que ia até a cintura, mexendo de leve enquanto ela se equilibrava nos pés descalços. O corpo era firme, com braços e pernas que mostravam músculos sutis, como se ela passasse o dia correndo ou dançando sem nem perceber. Os seios eram cheios, mas naturais, e a cintura se afinava antes de abrir em quadris arredondados que davam uma simetria quase perfeita. Ela estava ali, plantada no chão, como se fosse a coisa mais normal do mundo.

— Valeu! Chega só um pouquinho pro lado — ela disse, a voz abafada enquanto empurrava meu ombro com o dela, me deslocando um pouco pra dividir a pia.

Ela começou a escovar os dentes ao meu lado, cantarolando algo que eu não consegui identificar, o corpo tão perto que eu sentia o calor dela contra o meu braço. Eu forcei os olhos de volta pro espelho, encarando meu reflexo como se ele pudesse me salvar. Meu coração batia um pouco mais rápido, mas não era exatamente o fato de ela estar nua que me deixava assim. Não era a primeira vez que eu via uma mulher pelada. Era a naturalidade. Madu agia como se nem notasse que estava sem roupa, como se aquilo fosse tão comum quanto calçar um par de chinelos. Pra ela, eu podia ser uma estranha ou uma irmã de anos, e parecia não fazer diferença.

Ela terminou antes de mim, enxaguou a boca e virou pra me dar um sorriso enorme, os dentes brilhando.

— Você é demais, Paty! — disse, e antes que eu pudesse responder, ela me puxou num abraço rápido.

Senti os seios dela roçarem no meu braço, um toque leve e casual que me fez enrijecer inteira. Então ela saiu, o som do taco rangendo enquanto desaparecia pelo corredor, me deixando ali sozinha.

Eu cuspi a pasta de dente devagar, enxaguei a boca e me encarei no espelho por um longo segundo.

— Que diabos foi isso? — murmurei, e uma risada escapou sem querer, nervosa e confusa.

Meu sonho de dividir um apartamento com uma amiga estava começando, sim. Só que, pelo jeito, ia ser bem mais estranho do que eu imaginava.

Os dias foram passando, e eu comecei a perceber que aquilo não tinha sido um acaso. O incidente no banheiro, com Madu entrando nua como se fosse a coisa mais natural do mundo, não foi um lapso ou um momento de distração. Era quem ela era. Eu achava que ia me acostumar rápido com a ideia de dividir o apartamento, mas não imaginei que seria assim — com ela pelada o tempo todo, como se roupas fossem um detalhe opcional que ela simplesmente decidiu ignorar.

Era impossível não notar. De manhã, eu abria a porta do quarto e lá estava ela na cozinha, mexendo o café com uma colher enquanto o sol batia na pele morena, fazendo-a brilhar como se fosse uma pintura. O cabelo cacheado caía solto nas costas, balançando enquanto ela cantarolava algo e dançava de leve entre um gole e outro. À noite, ela se jogava no sofá velho da sala, as pernas cruzadas, assistindo a um filme qualquer — uma comédia idiota que a fazia rir alto, o som ecoando pelas paredes finas. E tinha até as tardes em que eu passava pelo quarto dela e a via sentada no chão, cercada de livros e anotações, estudando pra uma prova da faculdade. Nua. Sempre nua. A escova de dentes na mão, os papéis espalhados, a caneta entre os dedos — nada mudava o fato de que ela parecia alheia à ideia de se cobrir.

No começo, eu tentei fingir que não via. Desviava os olhos, focava no meu café ou no livro que eu fingia ler no sofá. Mas era como ignorar um elefante na sala — um elefante muito confiante, que não se importava nem um pouco com a minha presença. Eu não sabia se ficava impressionada ou desconfortável. Talvez os dois. O que eu sei é que aquilo mexia comigo de um jeito que eu não conseguia explicar.

Uma tarde, eu estava na sala, sentada no sofá com um livro da faculdade aberto no colo. Não tava lendo de verdade — minha cabeça girava em torno daquela situação, e eu já não aguentava mais guardar pra mim. Madu estava na cozinha, como de costume, preparando um lanche. Eu ouvia o barulho do pão sendo cortado, o tilintar de um prato, e o cheiro de manteiga derretendo na frigideira subia pelo ar. Ela estava nua, claro. Eu podia ver o contorno dela pelo canto do olho, a tatuagem de girassol no ombro brilhando sob a luz da janela. Meu coração acelerou um pouco, não sei se de nervoso ou de antecipação. Eu precisava falar com ela.

Respirei fundo, fechei o livro com um baque seco e chamei:

— Madu, vem aqui um segundo? Preciso conversar com você.

Ela apareceu na porta da cozinha, um prato de torradas na mão, o cabelo caindo sobre um dos ombros.

— Claro, Paty! Que foi? — disse, com aquele tom leve que fazia tudo parecer simples.

Ela se jogou no sofá ao meu lado, o corpo tão à vontade que quase me fez esquecer o que eu ia dizer. Quase. Eu pigarreei, sentindo o calor subir pro rosto.

— Madu, posso te perguntar uma coisa?

— Pergunta aí — respondeu ela, dando uma mordida na torrada e me olhando com aqueles olhos castanhos cheios de curiosidade.

Eu hesitei, mexendo nas mãos como se elas pudessem me dar coragem.

— É que… por que você anda sempre pelada? Tipo, sempre mesmo?

Ela riu alto, jogando a cabeça pra trás como se eu tivesse contado a piada do ano. Eu senti minhas bochechas pegarem fogo, mas ela não parecia nem um pouco ofendida.

— Sério que é isso? — disse, ainda rindo. — É só um hábito, Paty. Eu faço isso desde pequena. Minha mãe também andava pelada em casa o tempo todo, sem crise. Pra mim, é normal. — Ela deu de ombros, como se explicasse por que gosta de café com açúcar. — Tá incomodada?

Eu balancei a cabeça rápido, quase por reflexo.

— Não, não! — menti, ou pelo menos exagerei um pouco. — Não é que me incomoda, eu só… sei lá, achei estranho no começo. Você podia ter me avisado antes de eu me mudar, né? Que você era… nudista.

Madu riu de novo, quase engasgando com a torrada.

— Nudista? Eu não sou nudista, Paty! Pelo menos não filosoficamente. Eu só gosto de ficar assim. É melhor quando tá calor, sabe? E pra dormir, deixa o corpo respirar. É libertador. — Ela me olhou com um brilho travesso nos olhos. — Você devia tentar.

Eu arregalei os olhos, sentindo o rosto queimar de vergonha.

— Não, isso não é pra mim — disse rápido, quase gaguejando.

— Vai por mim, você ia se sentir melhor. Mais leve, mais livre — insistiu ela, inclinando-se um pouco pra mim com um sorriso convencido.

— Não, Madu, sério. Não rola — retruquei, encolhendo-me no canto do sofá. — Tá tudo bem você andar pelada, eu juro, mas eu não vou fazer isso de jeito nenhum.

Ela deu de ombros, ainda sorrindo.

— Tá bom, mas se mudar de ideia, me avisa! — disse, levantando-se com o prato na mão e voltando pra cozinha como se nada tivesse acontecido.

Eu fiquei ali, olhando pras costas dela enquanto ela desaparecia, o som dos passos no taco ecoando na minha cabeça. A conversa acabou, mas as palavras dela não saíram de mim. “Mais leve, mais livre”. Eu bufei sozinha, tentando rir da ideia, mas alguma coisa ficou ali, cutucando minha mente como um mosquito que você não consegue espantar.

Aquela noite estava insuportável. O calor tinha subido, mesmo com o ar-condicionado ligado no máximo, e eu me revirava na cama, os lençóis grudando na pele como se rissem da minha cara. Eu usava um pijama leve — uma camiseta larga e um short —, mas ainda assim suava como se tivesse corrido uma maratona. Levantei pra pegar água, voltei, deitei de novo. Nada resolvia. Foi aí que as palavras de Madu voltaram, claras como se ela estivesse sussurrando no meu ouvido: “Deixa o corpo respirar”.

Eu me sentei na cama, olhando pra porta fechada do quarto. Meu coração bateu mais forte, como se eu fosse fazer algo proibido. Era ridículo, eu sabia disso, mas o calor me venceu. Levantei, tirei a camiseta com um movimento rápido, joguei o short no chão e hesitei por um segundo antes de puxar a calcinha. O tecido caiu nos meus pés, e eu fiquei ali, parada, completamente nua no meio do quarto. O ar-condicionado soprou um vento gelado contra minha pele, e eu senti um arrepio subir pelas pernas, especialmente lá embaixo, entre elas. Foi estranho, quase elétrico, mas… bom.

Deitei na cama sem pegar os lençóis. O colchão estava fresco contra minhas costas, e o ar gelado dançava sobre meu corpo, tocando cada pedaço de pele que eu normalmente mantinha escondido. Fechei os olhos, esperando sentir vergonha ou desconforto, mas não veio. Só veio um alívio, como se eu tivesse tirado um peso que nem sabia que carregava. Madu estava certa, eu pensei, quase irritada comigo mesma por admitir isso. Meu corpo relaxou, os músculos se soltando, e eu caí no sono mais rápido do que em qualquer outra noite desde que me mudei.

Acordei com uma sensação diferente naquele dia. O sol entrava pela janela do quarto, aquecendo minha pele nua, e eu me espreguicei na cama, sentindo o corpo leve como nunca. A noite anterior tinha sido um marco. Eu ainda não sabia se contava pra Madu, mas uma parte de mim queria ver a reação dela. Levantei, hesitando por um segundo na frente do espelho. Meu reflexo me encarava de volta. Respirei fundo e decidi — por que não?

Saí do quarto como estava, sem uma peça de roupa, o chão de taco rangendo sob meus pés descalços. O cheiro de café fresco me guiou até a cozinha, onde Madu estava de pé, encostada na pia, uma xícara na mão. Nua, claro, como sempre. O cabelo cacheado caía solto nas costas, e a luz da manhã batia na tatuagem de girassol no ombro dela, dando um brilho suave à pele morena. Ela virou o rosto quando me ouviu chegar, e os olhos castanhos se arregalaram antes de um sorriso gigante se abrir.

— Paty! — gritou ela, largando a xícara na pia com um barulho seco.

Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ela correu até mim e me puxou num abraço apertado, o corpo quente dela colando no meu. Eu senti o coração disparar, metade por vergonha, metade por uma animação que eu não conseguia explicar.

— Eu te disse que você ia gostar! — exclamou ela, ainda me segurando pelos ombros enquanto me olhava de cima a baixo. — Sabia que você ia acabar cedendo!

Eu ri, tímida, sentindo o rosto esquentar.

— Tá, você venceu — admiti, desviando o olhar por um segundo antes de encará-la de volta. — É… bom, sim.

Madu me soltou, mas ficou ali, perto demais, os olhos brilhando com uma mistura de vitória e algo mais.

— E olha só pra você, Paty — disse ela, a voz baixando um tom. — Você é linda assim, sabia? Esse corpo merece ser visto.

O jeito que ela falou, lento e quase melódico, fez meu estômago dar um salto. Era um elogio, mas havia um calor ali, algo que poderia ser flerte se eu deixasse minha cabeça viajar. Meu rosto pegou fogo de novo, mas dessa vez eu não me escondi. Apenas sorri, meio desajeitada.

— Para com isso — murmurei, mas não tinha convicção na voz.

Ela riu, jogando o cabelo pra trás, e voltou para a pia como se nada tivesse acontecido. Eu fiquei ali, ainda sentindo o eco do abraço, e percebi que não queria me cobrir. Não mais.

Depois daquele dia, virou rotina. Não havia um momento em que, estando sozinhas no apartamento, nós duas não estivéssemos nuas. Era como se um pacto silencioso tivesse sido selado — roupas eram pra rua, pra faculdade, pro mundo lá fora. Aqui dentro, éramos só nós, sem barreiras. Eu cozinhava o jantar enquanto Madu dançava pela cozinha, mexendo em panelas e roubando pedaços de comida. À noite, nos jogávamos no sofá pra assistir TV, os corpos esparramados sem cerimônia, rindo de comédias bobas ou discutindo o final de algum filme. Até nas tardes de estudo, cada uma no seu canto, a nudez era a regra — eu com meus livros na sala, ela no quarto, as portas abertas pra deixar o ar circular.

Era estranho pensar que, semanas atrás, aquilo me chocava. Agora, parecia o mais natural do mundo. E mais do que isso — nos aproximava. Não era só dividir o apartamento, como eu sonhara vendo Friends na adolescência. Rachel e Monica nunca tiveram esse tipo de intimidade, esse laço que ia além das palavras. Era como se tirar as roupas tirasse também as máscaras, e eu começava a ver Madu de um jeito que não imaginava.

Eu reparava mais nela, sem vergonha nenhuma. Não era mais aquele olhar rápido e disfarçado do começo. Agora, eu deixava meus olhos passearem pelo corpo dela, absorvendo cada detalhe. Os seios grandes e firmes, que balançavam de leve quando ela ria ou se mexia rápido. Os mamilos escuros, que se destacavam contra a pele morena, às vezes enrijecidos pelo frio do ar-condicionado. A cicatriz quase invisível na coxa esquerda, uma mancha de nascença na cintura que eu só notei depois de dias. Pequenas imperfeições que a tornavam mais real, mais bela, como se cada marca contasse uma história que eu queria conhecer.

E então, sem que eu percebesse direito, não era só apreciação. Era outra coisa. Quando nossos corpos se roçavam no sofá, as pernas dela jogadas no meu colo enquanto assistíamos TV, eu sentia um calor subir pelo peito. Quando eu enrolava uma mecha do cabelo cacheado dela nos dedos, só por brincadeira, meus olhos ficavam presos na curva do pescoço dela, na forma como a pele parecia macia demais. Era desejo, eu sabia, mas vinha tão misturado com a amizade que eu não conseguia separar. Eu queria tocar mais, estar mais perto, cruzar uma linha que eu nem sabia que existia até então.

Foi numa tarde quente que tudo mudou. Eu ouvi o som do chuveiro ligado enquanto arrumava umas coisas na sala. O calor estava insuportável, o ar parado, e eu senti um impulso que não expliquei. Fui até o banheiro, a porta entreaberta, e vi Madu lá dentro, o corpo molhado brilhando sob a água. O cabelo cacheado colado às costas, as gotas escorrendo pelas curvas dela como se traçassem um mapa. Eu parei na porta, o coração batendo forte, e falei antes de pensar:

— Madu, posso tomar banho com você?

Ela virou a cabeça, o rosto iluminado por um sorriso.

— Claro, vem! — respondeu, sem hesitar, como se eu tivesse pedido pra dividir um lanche.

Entrei no banheiro, o espaço pequeno me forçando a ficar perto dela assim que pisei no box. Era apertado demais — nossos corpos se tocaram logo de cara, o ombro dela roçando no meu, a pele quente e escorregadia pela água. Eu senti um arrepio, mas fingi que era o choque da temperatura. Ela riu, jogando o cabelo pra trás, e disse:

— Já que tá aqui, passa o sabonete nas minhas costas?

Peguei o sabonete com as mãos trêmulas, esfregando até fazer espuma, e comecei a passar nas costas dela. A pele era macia, quente, e minhas mãos deslizavam com facilidade, descendo um pouco mais do que eu pretendia. O desejo que eu vinha segurando subiu à tona, rápido e incontrolável. Meus dedos traçaram o contorno das costas, subindo pro torso, massageando a pele com uma lentidão que traía o que eu sentia. Madu soltou um gemido baixo, quase um suspiro, e murmurou:

— Você tem um toque muito macio, Paty.

Foi como um gatilho. Eu puxei o corpo dela contra o meu, sutilmente, a virilha encostando na bunda dela, o calor dos nossos corpos se misturando sob a água. Minhas mãos subiram, hesitantes, até os seios dela. Ensaboei-os devagar, sentindo a maciez, os mamilos intumescidos sob meus dedos. Ela deu um gritinho agudo, o corpo se contorcendo contra o meu, se aninhando nas minhas curvas como se procurasse mais. Então, virou o rosto um pouco, a voz trêmula:

— O que você tá fazendo?

Eu engoli em seco, a voz saindo rouca, quase um sussurro:

— Não resisti te ver pelada tanto tempo assim.

Ela riu, um som curto e nervoso, e virou o rosto mais, os olhos encontrando os meus. E então me puxou para um beijo.

Os lábios dela eram macios, quentes, e o gosto da água se misturava ao dela enquanto nossas bocas se moviam juntas. A mão dela segurou meu rosto, a outra deslizando pela minha cintura, e eu senti o mundo girar sob o chuveiro. Era urgência e ternura ao mesmo tempo, como se tudo que construímos até ali tivesse explodido numa única chama.

O gosto dos lábios de Madu ainda estava na minha boca quando o primeiro beijo terminou. A água do chuveiro caía sobre nós, as gotas batiam em nossos corpos e repousavam no vidro do box. Meu coração batia tão rápido que eu podia ouvi-lo acima do som da água batendo no chão. Ela me olhava, os olhos castanhos brilhando com algo que eu reconhecia em mim mesma — desejo, puro e simples, impossível de segurar mais. Eu não pensei. Só agi.

Pus as mãos nos ombros dela e a empurrei contra o vidro do box, não com força, mas com uma urgência que eu não sabia que tinha. Os seios dela, grandes e firmes, se espremeram contra a superfície gelada, achatando-se de um jeito que fez um arrepio subir pelas minhas costas. Ela soltou um suspiro surpreso, o corpo quente contrastando com o frio do vidro, e eu me aproximei mais, colando meu peito nas costas dela. A água escorria entre nós, escorregadia e gelada, misturada ao resto do sabonete que ainda cobria a pele dela.

Minha mão direita desceu devagar, quase tremendo, traçando a linha da barriga dela. A pele era macia, quente, e eu senti os músculos dela se contraírem de leve sob meus dedos. Cheguei aos pelos ensaboados entre as pernas, a espuma fofa e molhada se desfazendo enquanto eu os explorava. Tateei com cuidado, os dedos deslizando até encontrar os lábios, macios e inchados pelo calor. Ela prendeu a respiração, e eu continuei, procurando o clitóris com uma dedicação que me surpreendeu. Quando o achei, pequeno e firme, comecei a esfregá-lo em círculos lentos, depois mais rápidos, ajustando o ritmo pelos gemidos que escapavam dela.

— Paty… — murmurou ela, a voz rouca, quase abafada pela água.

Os gemidos dela ecoaram no banheiro, altos e descontrolados, e o corpo dela tremia contra o vidro, as mãos se apoiando ali pra se equilibrar. Eu não parei. Beijei a nuca dela, os lábios quentes contra a pele molhada, sentindo o gosto salgado do suor misturado à água. Desci pros ombros, mordiscando de leve, e parei na tatuagem de girassol, traçando as pétalas com a língua como se quisesse gravá-la em mim. Minha mão esquerda subiu pros seios dela, apertando um deles com firmeza, o mamilo duro roçando na palma da minha mão. Eu o belisquei de leve, e ela arqueou as costas, gemendo mais alto, o som me incendiando por dentro.

De repente, ela se mexeu. Com um empurrão rápido, Madu inverteu tudo. Eu senti as costas baterem nos ladrilhos frios da parede, o choque gelado arrepiando minha pele quente. Ela segurou meu braço direito e o ergueu acima da minha cabeça, imobilizando-o com uma força que era ao mesmo tempo suave e decidida. Nossos olhos se encontraram, e ali, entre o vapor e a água, não precisava de palavras. Era desejo puro, cru, estampado no rosto dela tanto quanto eu sabia que estava no meu. Ela me beijou de novo, um beijo faminto, os lábios se chocando com os meus enquanto a língua dela invadia minha boca, quente e exigente.

A mão livre dela desceu pelo meu corpo, os dedos dançando sobre meu peito, contornando meus seios antes de seguirem pra baixo. Ela parou na minha cintura por um instante, quase me provocando, antes de chegar à minha boceta. Primeiro, ela tateou os lábios, os dedos escorregando na pele molhada, explorando devagar. Eu prendi a respiração, o corpo inteiro tenso de expectativa. Então, sem aviso, ela enfiou dois dedos dentro de mim, fundo e firme, e eu soltei um gemido agudo que ecoou no banheiro. Subi na ponta dos pés, o corpo arqueando contra a parede, as pernas tremendo enquanto ela começava a movê-los, um ritmo intenso que me fazia perder o ar.

— Madu… — gemi, a voz falhando, os ladrilhos frios contra minhas costas enquanto o calor explodia dentro de mim.

Ela não parou. Os dedos entravam e saíam, rápidos e precisos, a palma da mão roçando meu clitóris a cada movimento. A água escorria pelo meu corpo, levando o sabonete embora, e eu sentia tudo — a pressão quente dentro de mim, o atrito dos dedos dela, o som molhado misturado aos meus gemidos. Ela me beijava sem parar, os lábios devorando os meus, a língua dançando com a minha num fervor que me deixava tonta. Eu queria mais, precisava de mais, e ela parecia saber disso.

Então, ela se afastou do beijo e se abaixou devagar, os joelhos batendo no chão molhado do box. Abriu minhas pernas com as mãos, sutil mas firme, e eu senti o ar fresco contra minha pele quente antes que a boca dela me tocasse. A língua dela lambeu minha boceta, lenta no começo, traçando os lábios antes de se concentrar no clitóris. Ela chupava com vontade, a boca quente e molhada me envolvendo, e eu joguei a cabeça pra trás, batendo nos ladrilhos, os gemidos saindo sem controle. As mãos dela subiram pros meus seios, massageando-os, os dedos apertando meus mamilos enquanto a língua dela me levava ao limite.

O prazer cresceu rápido, uma onda que começou na barriga e desceu pras pernas. Meus pés se arquearam, os dedos se curvando contra o chão, e meu corpo enrijeceu, cada músculo se contraindo enquanto o orgasmo vinha. Foi intenso, quase violento — um calor que explodiu dentro de mim, subindo pelo peito e me fazendo gritar, o som rasgando o ar úmido do banheiro. Minhas pernas cederam, e eu escorreguei pela parede, caindo sentada no chão, o corpo fraco e trêmulo enquanto a onda de prazer me atravessava e depois me deixava mole, exausta.

Madu riu baixinho, um som doce que cortou o silêncio, e se aproximou de mim. Eu ainda estava zonza, o mundo girando devagar, mas quando ela se inclinou, eu puxei o rosto dela pro meu e a beijei. Foi um beijo lento, apaixonado, minhas mãos trêmulas segurando as bochechas dela enquanto nossos lábios se encontravam de novo. Eu sentia o gosto dela, misturado com o meu próprio sabor, e aquilo só me fazia querê-la mais, mesmo com o corpo pesado de prazer.

Quando nos separamos, ela me olhou com aquele sorriso travesso que eu já conhecia tão bem.

— Eu também não aguentava mais te ver nua pela casa, sabia? — brincou ela, a voz leve, mas com um fundo rouco.

Eu ri, a cabeça ainda leve, o corpo mole contra o chão molhado.

— Se a gente continuar assim, não vamos nos controlar mais toda hora — respondi, a voz fraca, mas com um sorriso nos lábios.

Ela se inclinou mais perto, o nariz roçando no meu.

— Que assim seja — disse, antes de me beijar de novo, um beijo curto mas cheio de promessa.

E foi então que eu descobri que dividir um apartamento poderia ser mais prazeroso do que eu sonhava.

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