O jogo
O ar condicionado da academia não dava conta do calor de dezembro, mas ela estava lá, como sempre. Terça-feira, 15h – horário em que o lugar ficava vazio o suficiente para ela posar no espelho sem muitas testemunhas.
Lívia.
Meus olhos percorreram aquele corpo que parecia esculpido para provocar: coxas grossas que se apertavam na máquina de abdutores, aquele shorts de academia que subia demais, a cintura fina que dava lugar a uma bunda redonda e empinada. O rosto? Bem, Deus dá com uma mão e tira com a outra.
— Ajusta esse banco aí, moço? — a voz dela era mais aguda do que eu imaginara.
Sorri por dentro. “Moço”. Como se não tivesse visto a Porsche no estacionamento.
— Claro — respondi, fingindo casualidade enquanto me aproximava. — Novo por aqui?
Ela soltou uma risadinha falsa. — Faz três meses que malho nesse inferno.
O suor escorria pelo vale entre os seios pequenos, quase desaparecendo no top preto encharcado. Cheirava a perfume barato e ambição.
— Marcos — estendi a mão.
— Lívia — ela apertou com aquelas unhas postiças que arranhavam.
Quando me afastei, senti o olhar dela pesando meu relógio, minha aliança, meu tênis que custava mais que o salário mínimo.
Tão transparente.
Esperei duas semanas antes de agir.
Deixei ela me observar na academia todo esse tempo – meu treino perfeito, meu relógio Patek Philippe refletindo a luz artificial, a maneira como os instrutores me tratavam com respeito excessivo. Sabia que ela estava contando os dias até eu finalmente abordá-la.
Quando cheguei naquele dia, ela estava fazendo agachamento sumo exatamente na frente do espelho onde eu costumava treinar peito. Tão previsível.
— Sua execução está errada — comentei, passando por trás dela.
Ela arregalou os olhos no reflexo, fingindo surpresa. — Sério? Me ensina então.
Tão desesperada que nem tentou disfarçar.
(Na Lanchonete da Academia)
— Nossa, você viaja demais! — ela exclamou, os dedos deslizando pelas fotos do meu iPhone. Parou em uma de Miami, onde meu iate aparecia ao fundo. Click. Print invisível.
Tomei um gole do meu suco verde caríssimo (que ela fez questão de fotografar discretamente). — Trabalho muito, preciso relaxar.
Fiz questão de ajustar o relógio na mesa, deixando o ouro bater no mármore com um clink calculado. Seus olhos seguiram o movimento como um gato vendo um laser.
— Eu nunca saí do país — ela soltou, mordendo o canudinho do shake de whey barato.
Claro que não.
Deixei o silêncio se prolongar enquanto meus olhos percorriam o corpo dela:
— Uma garota como você merecia estar em Mykonos.
Seu pé deslizou pela minha perna sob a mesa. — Quem sabe um dia, né?
Sorri, mostrando os dentes. — Quem sabe amanhã.
(Dois Dias Depois – Academia Premium)
Ela quase derrubou o celular quando recebeu a notificação:
*”Matrícula aprovada – Black Membership u/Body Elite Academy. Valor mensal: R$1.200,00.”*
Minha mensagem veio em seguida:
“Agora você não tem desculpa pra não malhar direito. Te busco às 14h para seu primeiro dia como minha investida.”
A resposta veio em 3 segundos:
“Vou comprar um novo top pra hoje 😍”
Claro que vai, pensei, vendo ela sair correndo da academia direto para a loja de roupas esportivas mais cara do shopping.
(No Carro, Mais Tarde)
— Meu Deus, a Body Elite tem piscina aquecida! — ela gemia, esfregando a nova legging de R$600 contra o couro do banco.
Minha mão apertou sua coxa, sentindo o tecido caro. — E tem steam room, e massagista tailandês…
— E o professor particular que você contratou? — ela completou, lambendo os lábios.
Parei o carro bruscamente num estacionamento vazio.
— Você acha que isso é de graça?
Seu sorriso desapareceu.
— Eu…
— Tira esse top.
Ela olhou ao redor, assustada com a possibilidade de ser vista.
— Aqui? Mas tem câmeras…
— E daí?
Seus dedos tremeram ao puxar o tecido. Quando terminamos, ajudei ela a se arrumar, as unhas postiças dela tremendo no zíper da nova legging.
— Amanhã tem perna — lembrei, passando o cartão Black dela de volta. — Não chegue atrasada.
Já tinha minha candidata a bichinho de estimação, mas será que ela esta pronta, pensei planejando algumas provas para ela.
A primeira prova foi em São Conrado.
— Isso não é roupa de praia — ela protestou quando abriu o pacote que deixei na porta do apartamento dela.
— É sim — respondi pelo celular, imaginando a expressão dela. — Quer cancelar?
O silêncio durou dez segundos.
— Tô saindo agora.
Quando apareceu no meu carro, o micro biquíni azul-turquesa deixava claro que não havia roupa íntima por baixo. Ela cruzou os braços sobre o peito minúsculo, os quadris balançando enquanto caminhava.
— Você gosta de me exibir, né? — ela tentou soar provocante, mas a voz trêmula traía o nervosismo.
Abri a porta do passageiro. — Gosto de ver se você cumpre o que promete.
Na praia, deixei que os olhares dos outros homens a aquecessem. Ela começou tímida, mas quando o primeiro desconhecido assobiou, vi a postura mudar. Os ombros se abriram, a bunda empinou mais, os passos ficaram calculados.
O sol de meio-dia em Guarujá queimava a pele nua de Lívia, que se contorcia no espreguiçadeiro ao meu lado, pingando óleo corporal e protetor solar. O micro biquíni azul-turquesa parecia pintado no corpo – dois triângulos mínimos cobrindo os mamilos, o fio dental desaparecendo entre as nádegas redondas.
— Vem cá — ordenei, puxando-a pelo tornozelo até ela rolar para meu coloque.
Minha mão fechou sobre um dos peitos pequenos, apertando até os dedos afundarem na carne macia. Ela soltou um gemido abafado quando meus dedos pinçaram o mamilo endurecido.
— Tá vendo aquele vendedor ali? — sussurrei no ouvido dela, indicando o jovem de chinelos que carregava uma bandeja de drinks pela areia. — Ele não tirou os olhos de você desde que chegou.
Ela mordeu o lábio inferior, mas eu senti o corpo dela responder – a respiração acelerando, a pele arrepiando sob meus dedos.
— Chama ele aqui.
— O quê?
— Você ouviu.
Quando o garoto se aproximou para entregar nossos drinks, Lívia estava sentada no meu colo, meus dedos ainda massageando seu peito sob o olhar estupefato do entregador.
— Aqui está seu pedido, senhor — ele gaguejou, os olhos presos na minha mão movendo-se sob o tecido ínfimo do biquíni.
— Obrigado — respondi, não tirando a mão. — Minha namorada aqui adora atenção. Não é, amor?
Lívia enterrou as unhas no meu braço, mas balançou a cabeça em concordância, o rosto ardendo de vergonha e excitação.
O garoto engoliu seco, a bandeja tremendo em suas mãos.
— Posso… posso deixar mais alguma coisa?
— Não. Já temos tudo o que precisamos — respondi, dando um tapa leve na coxa de Lívia para que ela se levantasse.
Naquela mesma tarde, enquanto Lívia se deitava de bruços para eu passar protetor solar em suas costas (com movimentos deliberadamente lentos e sensuais), dois homens de meia-idade em trajes de banho caros pararam ao lado de nossa espreguiçadeira.
— Caralho, amigo — um deles disse, tirando os óculos escuros para olhar melhor. — Onde você arrumou uma dessas?
Minha mão deslizou para dentro do fio dental de Lívia, fazendo ela estremecer.
— Tudo é negociável, senhores — respondi, enquanto meus dedos trabalhavam sob o tecido molhado. — Depende do que estão oferecendo.
Lívia enterrou o rosto nos braços, mas não protestou – sabia muito bem que seu corpo não era mais realmente dela.
Os dois homens se afastaram, rindo entre si, mas os olhos deles permaneceram colados em Lívia como ganchos de carne. Ela estava de bruços na espreguiçadeira, as costas arqueadas sob minha mão que ainda pressionava levemente a marca do biquíni em sua pele bronzeada.
— Você ouviu isso? — perguntei, me curvando para sussurrar em seu ouvido.
Ela não respondeu. Seus dedos enterraram-se na areia, os ombros tensos.
— Eles querem saber onde arrumei uma putinha tão obediente.
Lívia virou o rosto para o lado, escondendo os olhos. — Por que você faz isso? — a voz dela saiu rouca, quase imperceptível sob o barulho das ondas.
Passei a mão pela curva de sua cintura, descendo até a bunda empinada. O biquíni já estava ensopado — não só de água do mar.
— Porque você deixa.
Ela estremeceu quando meus dedos encontraram o tecido úmido, esfregando com firmeza.
— E porque você gosta.
Lívia tentou fechar as pernas, mas eu as empurrei para aparte com o joelho.
— Para. Tem gente olhando.
Ri baixo. — Desde quando você se importa?
Foi então que notei — suas coxas tremiam não de vergonha, mas de tesão acumulado. O rubor em seu pescoço não era apenas do sol.
TAPA!
Minha mão atingiu sua bunda com um estalo seco que ecoou na praia quase vazia. Ela gritou, arqueando as costas, e vários rostos se viraram para nós.
— Isso. Agora todo mundo sabe quem manda aqui.
Lívia enterrou o rosto nos braços novamente, mas seu corpo delatou-a — os quadris se moveram involuntariamente, buscando mais contato.
— Vamos. — dei outro tapa, mais leve. — Hora de ir. Amanhã tem mais.
E ao ajudá-la a se levantar, todos na praia puderam ver — o biquíni encharcado, as pernas trêmulas, e o sorriso pequeno e envergonhado que ela não conseguiu conter.
A gargantilha chegou em uma caixa de veludo preto, entregue por um motoboy que ela teve que receber de camiseta transparente sem sutian e calcinha fio-dental – outra pequena prova que eu havia inventado.
— Isso é uma… — ela começou, segurando o pingente em forma de coração.
— Presente — completei, prendendo-a em volta do pescoço dela. Ajustei até sentir o pulso acelerado sob meus dedos. — Combina com você.
Ela tocou o metal frio, os olhos encontrando os meus no espelho do quarto de hotel.
— Parece uma…
— Combina com você — repeti, puxando levemente a corrente.
Ela engoliu seco, mas não tirou.
(No Quarto do Hotel – 23h47)
A gargantilha dourada brilhava contra o pescoço suado de Lívia enquanto eu apertava o plug de metal entre suas nádegas já vermelhas das palmadas na praia.
— Arqueia mais — ordenei, dando um puxão na coleira que a fez gemer.
Ela obedeceu, apresentando o corpo completamente exposto – algemas de veludo prendendo seus pulsos nas costas, a venda de seda negra cobrindo aqueles olhos que eu já conhecia tão bem.
(Primeira Pausa – 00h31)
— Vou tomar um drink. Fica aqui.
Ela se contorceu no chão, a voz saindo entrecortada:
— P-por favor… não vai embora…
Ignorei, caminhando em direção à porta.
Ouvi o som de seu corpo se arrastando pelo carpete, as algemas tilintando enquanto ela se aproximava de mim, cega e desesperada.
— Eu vou me comportar, juro! Só não me deixa sozinha assim…
Virei e coloquei o pé em seu peito, empurrando-a de volta ao chão.
— Parece que alguém esqueceu o lugar que ocupa.
Apertei a gargantilha até ela engasgar, os pés se debatendo impotentes contra o carpete.
— Quer mesmo que eu fique? Então mostra que aprendeu a ficar quieta.
Soltei-a. Ela rolou de lado, tossindo, mas imóvel.
— Boa menina.
(No Bar do Hotel – 00h35)
No meu iPhone, via ao vivo Lívia tremendo no chão, mas obediente, exatamente como eu havia deixado.
(Segunda Sessão – 01h17)
Quando retornei, ela estremeceu ao som da porta se abrindo.
— Ainda está implorando?
Ela sacudiu a cabeça negativamente, a venda úmida de lágrimas.
— Bom. Porque se comportar tem suas recompensas.
(20 dias após a noite no hotel)
O cheiro do vestido de seda ainda impregnava minhas memórias quando entrei no shopping com minha esposa. A pulseira da Tiffany que eu dera a Lívia – aquela que ela usou por uma semana sem tirar, como uma boa menina – agora parecia tão distante quanto as fotos que guardava em meu cofre digital.
Minha esposa sorria diante do balcão da Louis Vuitton, testando um novo perfume. Eu a observei por um momento – seu jeito refinado, as unhas impecáveis, a aliança que combinava com a minha – antes que meu olhar fosse atraído pelo barulho familiar.
Três lojas adiante, Lívia estava cercada por suas amigas barulhentas. Usava um short tão curto que as marcas das algemas ainda eram visíveis em seus pulsos. Seu olhar encontrou o meu por acidente, e por um segundo, vi tudo desmoronar nela:
Seus dedos tocaram instintivamente a gargantilha que eu a obrigara a tirar
Seus olhos saltaram para minha esposa, depois para a mão que eu colocara na cintura dela
Seu sorriso congelou no meio de uma risada
— Quer dar uma volta no food court? — minha esposa sugeriu, inocente.
— Claro, amor — respondi, apertando sua cintura enquanto deliberadamente passávamos por Lívia.
O choque do meu desprezo foi tão físico que ouvi seu copo de refrigerante cair.
(No carro, depois do shopping)
Meu telefone vibrou com a mensagem esperada:
“Quem era essa?”
Deixei no visto por exatas três horas – tempo suficiente para ela:
Ligar 12 vezes
Enviar 8 fotos do corpo marcado
Beber meio frasco de vodka
Quando finalmente respondi, ela estava no ápice do desespero:
“Alguém que não usa coleira.”
A resposta veio em segundos:
“Eu uso pra sempre! Eu juro que uso!”
Sorri, imaginando-a agarrada àquela gargantilha ridícula, tão diferente da pulseira de prata que minha esposa ganhara em nosso aniversário.
(Na manhã seguinte)
Acordei com uma nova mensagem:
“To indo na academia que vc pagou. Posso usar a coleira?”
Deixei no visto. Minha esposa me serviu café, sem ideia de que, do outro lado da cidade, uma garota de 19 anos chorava segurando um pedaço de metal como se fosse uma tábua de salvação.
Naquela mesma noi, estava na kitnet em que costumava foder livia, apenas relaxando e vendo o jogo, O barulho na porta foi tão violento que pensei que fosse a polícia.
— SEU BABACA!
Lívia estava do lado de fora da kitnet, o rosto deformado pela raiva, batendo com tanta força que a moldura da porta tremeu. Usava apenas um shorts jeans rasgado e um top que deixava a barriga à mostra – claramente vestida para causar ciúmes.
Abri a porta devagar, sem pressa, deixando-a esperando mais cinco segundos do que o necessário.
— Você me humilhou no shopping! — ela gritou, empurrando minha peito para entrar. — Passou por mim como se eu fosse lixo! E essa puta da sua esposa, hein? Quer me fazer de trouxa?
Fiquei parado, observando enquanto ela girava pelo quarto, chutando uma das minhas sapatilhas, batendo a mão na mesa. O perfume barato dela enchia o ar, misturado com o cheiro de suor e batom borrado.
Ela estava linda assim.
— Terminou? — perguntei, calmamente.
— Não, não terminei! Você acha que pode me tratar assim? Eu não sou sua cachorra!
Fui até a gaveta do criado-mudo e peguei a caixa que havia preparado.
— Então não é isso que você quer? — perguntei, abrindo a tampa lentamente.
Dentro, um relógio de ouro brilhava sob a luz fraca do abajur.
Ela parou no meio do próximo insulto.
Os olhos dela pularam para o relógio, depois para mim, depois de volta para o relógio. A raiva ainda estava lá, mas agora misturada com aquela fome que eu conhecia tão bem.
— Isso… isso não muda nada — ela disse, mas a voz já não tinha a mesma força.
— Claro que não — concordei, fechando a caixa. — Se você não quer, tudo bem. Pode continuar gritando.
Ela engoliu em seco.
— Você… você me fez de palhaça.
— Eu? — dei um passo à frente. — Quem chegou aqui aos berros? Quem está me acusando de coisas que nunca prometi?
Ela abriu a boca, mas não saiu nada.
— Você sabe qual é o problema, Lívia? — continuei, baixando a voz. — Você esqueceu o seu lugar.
Ela tentou revidar, mas os olhos voltaram para a caixa.
— Você… você não pode me comprar.
— Não? — ergui uma sobrancelha. — Então por que você parou de gritar?
Ela ficou imóvel, a respiração ofegante.
Foi então que puxei ela pelo braço e a joguei na cama.
— Agora você vai aprender.
Ela tentou resistir quando coloquei a gargantilha de volta no pescoço dela, mas não com muita convicção.
— Você acha que pode vir aqui, fazer escândalo e sair impune? — perguntei, apertando o colar até ela sentir a pressão.
— Eu não…
— Cala a boca.
Ela calou.
Peguei o relógio da caixa e prendi no pulso dela, firme.
— Isso aqui vale mais que seu aluguel de três meses. E você quase estragou tudo por birra.
Ela olhou para o ouro, depois para mim.
— Você… você vai me dar mesmo?
— Depende.
— Depende do quê?
Sorri.
— De quanto você vai se esforçar para me perdoar.
Ela hesitou. Depois, lentamente, ajeitou-se de joelhos na cama.
— Tá bom.
— “Tá bom” o quê?
Ela respirou fundo.
— Tá bom, eu… eu vou me comportar.
Puxei o colar, trazendo o rosto dela perto do meu.
— Melhor.
E então, finalmente, ela obedeceu.
(Cinco meses de silêncio)
O telefone vibrou pela centésima vez naquela semana. Lívia. Dessa vez, junto com uma foto – nua, de quatro na cama que eu havia pago em Copacabana, os dedos enterrados entre as pernas.
Atendi.
— Por favor, eu sei que você tá aí! — a voz dela saiu estridente, quase histérica. — Fiz algo errado? Me diz o que foi, eu juro que arrumo!
Ajustei o volume do celular, incomodado com o desespero naquela voz que antes era tão arrogante.
— Na verdade, até que você me lembrou algo.
— O quê? — ela engoliu em seco, esperançosa.
— Preciso de uma empregada doméstica.
Silêncio.
— …O quê?
— Alguém pra limpar a casa. Passar roupa. Cozinhar. Dei uma pausa. — Você sabe cozinhar, Lívia?
— Você tá… você tá falando sério? — a voz dela quebrou.
— Endereço da Rua das Acácias, 220. Amanhã, meio-dia.
— Mas eu…
— Vestido tubinho vermelho. Sem calcinha. Desliguei.
(Dia seguinte, 11h58)
Minha esposa abriu a porta antes que eu pudesse chegar lá.
— Ah, você deve ser a menina da entrevista! — ouvi ela dizer, com aquela voz doce que usava com as atendentes do salão.
Congelei no corredor.
Lívia estava parada na soleira, petrificada. O vestido vermelho colado no corpo, as mãos tremendo segurando uma bolsa falsa da Louis Vuitton. Os olhos saltaram da minha esposa para mim, por cima do ombro dela, enormes e assustados.
— Eu…
— Entra, querida! Minha esposa puxou ela para dentro, sem perceber como a “candidata” estava encharcada de suor. — Meu marido disse que você vem recomendada, mas não avisou que era tão jovem!
Lívia me olhou, implorando silenciosamente.
Eu apenas ajustei meu relógio, escondendo um sorriso.
— Sim, amor. Recomendadíssima.
(Fim… ou começo?)
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