O segredo da Boa Vista
O quarto do hotel cheirava a mofo e água sanitária barata, com aquela luz amarelada que deixava tudo entre o sórdido e o nostálgico. As cortinas de poliéster estavam semiabertas, deixando entrar os faróis dos carros que passavam na Avenida, riscando nossa pele nua com listras de luz que pareciam nos marcar para sempre. Meu primo, Marcelo, estava de pé diante de mim, aquele corpo de trinta e poucos anos – musculoso demais para um professor de história, magro demais para um boêmio – já tremendo de desejo ou vergonha, eu nunca saberia dizer.
A primeira coisa que fiz foi desabotoar sua camisa, devagar, como quem desembrulha um presente caro. Cada botão que cedia revelava mais daquela pele morena, marcada por cicatrizes de acidentes de bicicleta e uma tatuagem mal feita de um símbolo anarquista que ele jurou ter significado profundo. Quando a camisa caiu no chão, ele tentou me beijar, mas eu segurei seu queixo com dois dedos, forçando-o a olhar nos meus olhos.
“Calma”, murmurei, minha voz mais rouca do que o habitual. “A pressa é inimiga do pecado, Marcelo.”
Ele riu, nervoso, e eu aproveitei para descer minhas mãos até seu cinto. O couro estava gasto, a fivela fria contra meus dedos. Puxei-o com um estalo, deixando cair as calças até seus tornozelos. Ele usava uma cueca preta, simples, já marcada pela ereção que tentava esconder. Aproximei meu rosto, sentindo o calor que emanava dali, o cheiro de suor e lavanda do sabonete barato do hotel.
“Você fede a desejo”, comentei, antes de enterrar o nariz no tecido e inalar profundamente. Ele gemeu, suas mãos se agarrando aos meus ombros.
Foi fácil puxar a cueca para baixo, libertando seu pau – não tão grande quanto eu esperava, mas grosso, curvado para cima como um convite. Enrolei meus dedos em volta dele, sentindo o pulso acelerado sob a pele quente. Quando lambi a cabeça, ele gritou, um som rouco que ecoou pelas paredes finas do quarto.
“Quieto”, ordenei, antes de engolir seu pau até a base. Ele tentou empurrar minha cabeça para baixo, mas eu segurei seus quadris com força, controlando o ritmo. Chupava devagar, deixando a saliva escorrer, lambendo as veias salientes enquanto minhas mãos apertavam suas bolas. Ele tremia, os músculos do abdômen se contraindo como se estivesse lutando para não gozar.
Quando senti que ele estava perto, parei, levantando-me para beijá-lo novamente. Desta vez, ele não hesitou – sua língua invadiu minha boca com a mesma urgência com que eu havia tomado seu corpo. Suas mãos desceram até minha calça, abrindo-a com movimentos desajeitados. Meu próprio pau já estava latejando, preso contra a cueca.
“Vira”, eu ordenei, empurrando-o em direção à cama. Ele obedeceu, deitando-se de bruços na colcha manchada. Suas costas eram uma paisagem de músculos tensos, a coluna vertebral um vale que meus dedos percorreram antes de chegar ao seu destino final – aquelas nádegas firmes, pálidas onde o sol nunca chegava.
Ajoelhei entre suas pernas, separando-as com força. Ele estava completamente exposto agora, o cu rosado e levemente contraído. Cuspi em meus dedos, esfregando-os contra seu anel antes de pressionar. Ele arquejou, seu corpo se contorcendo.
“Relaxa”, murmurei, enfiando o dedo indicador até a segunda junta. Ele estava quente por dentro, apertado como um punho. Quando adicionei um segundo dedo, ele gemeu no travesseiro, suas mãos se agarrando aos lençóis.
“Porra, Roberto…”, ele rosnou, sua voz embargada.
Eu não respondi. Em vez disso, inclinei-me para frente e lambi seu cu, devagar, circulando o anel antes de enfiar a língua dentro. Ele gritou, seu corpo se arqueando como um gato encurralado. Eu continuei, bebendo dele como se fosse a última fonte no deserto, até que ele estava gemendo sem parar, suas pernas tremendo.
Só então parei, limpando minha boca no lençol antes de me levantar. Meu pau estava tão duro que doía, pulsando contra meu ventre. Peguei a camisinha que havia deixado em cima da mesa de cabeceira – sempre precavido – e a enrolei em mim mesmo, lubrificando com mais saliva antes de alinhar na entrada dele.
“Olha pra mim”, eu disse, e ele virou a cabeça, seus olhos escuros vidrados nos meus.
Quando entrei, foi como mergulhar em chamas. Ele estava tão apertado que eu quase gozei ali mesmo, mas segurei-me, enfiando até o fim em um único movimento. Ele gritou, suas unhas cravando-se no colchão.
“Caralho…”, ele gemeu, sua voz quebrada. “Você… você tá enorme.”
Eu sorri, começando a me mover, devagar no começo, depois mais rápido. Cada socada era acompanhada por um gemido abafado dele, cada retirada deixava ele mais louco. Ele se empurrou contra mim, querendo mais, sempre mais.
“É isso que você queria, não é?”, eu rosnava, segurando seus quadris com força. “Seu puto safado. Seu primo velho te comendo como uma vadiazinha.”
Ele não negou. Em vez disso, ele alcançou para trás, agarrando minha coxa, puxando-me mais fundo ainda.
Eu não aguentei por muito tempo. O calor, o aperto, a maneira como ele gemia – foi demais. Quando gozei, foi com um rugido, meu corpo se curvando sobre o dele como um animal ferido. Ele veio logo depois, sem nem tocar em si mesmo, seu pau pulando e jorrando sobre o colchão.
Ficamos ali por um tempo, ofegantes, o suor escorrendo por nossas costas. Quando finalmente me retirei, ele virou-se, seus olhos meio fechados.
“Porra, Roberto…”, ele murmurou, exausto.
Eu apenas me deitei ao seu lado, minhas mãos ainda tremendo. O cheiro de sexo e mentira enchia o quarto, e eu sabia que nunca mais olharíamos um para o outro da mesma maneira.
Mas, naquele momento, isso não importava.
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