Fevereiro 16, 2022

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Não Vou Desistir Até Ser Comida, 2

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Ficou lindo em mim, vocês podem imaginar, rs. Era minha intenção inicial usá-lo, mas com o frio que estava fazendo em SP infelizmente perdia todo o sentido e não seria nem um pouco realista. Minha segunda opção foi uma legging florida, tons de rosa e lilás misturados formando listras disformes. Difícil explicar, mas garanto que é uma peça incrível, que deixa o corpo lindo, especialmente as coxas e a bunda. Coloquei e me olhei no espelho novamente, me achando gatinha demais, rs. Agora, o diferencial: sempre que eu usava algo assim colocava uma camiseta por cima que tampava o bumbum, mas dessa vez eu colocaria uma blusa de frio, de moletom azul claro, com elástico na cintura, para garantir que minha bunda ficasse bem exposta.

Ao mesmo tempo que por um lado me sentia bem segura, por outro era como se estivesse escrito na minha testa as minhas intenções, e eu temia não conseguir manter uma naturalidade. Mas eu estava pronta. De chinelo e meia para completar (haha), mas estava pronta.

Foi na cozinha que o vi pela primeira vez naquele dia. Ele tomava seu habitual café e lia um livro relacionado à música.

– Bom dia, filha – ele diz normalmente.

Bom dia, pai.

Sentei-me à mesinha com ele, frente a frente. A gente sempre tomava café ali juntos.

– Você vai sair hoje, pai?

– Já estou de saída, mas em menos de uma hora tô de volta.

Fiquei olhando para ele por um tempo, como estava lindo!

– Você quer que eu traga algo, filha?

Não, pai, de boa.

Em seguida, termino meu café, pego minha xícara e a dele e vou à pia lavar a pequena louça, coisa que eu nunca faço de manhã, mas o motivo era nobre rs. A pia fica de frente para a mesinha, de forma que eu estava de costas para meu pai lavando a louça, com a bunda bem gratuita para ele olhar. Se ele olhou? Provavelmente. Se ficou olhando? Eu não tenho como dizer ao certo, mas a sensação era incrível, parecia que mil olhos dele me sugavam. Ah, que vontade de virar bem rápido e pegar no flagra! Rsrs, mas isso só acabaria com tudo. Fiquei ali lavando a loucinha, com bastante capricho, achando oportunidade de balançar um pouco a bunda, mas com naturalidade, sem forçar nada.

Quando termino de lavar e secar a louça (eu nunca seco rs) olho para ele que está como um lorde inglês lendo seu livro. Primeiro eu pensei que era estranho ele não ter ido ainda para o compromisso, já que tinha terminado de tomar o café e disse que estava de saída. Será que ele ficou ali mais um pouco só pra me olhar?

– Você não estava de saída?

– Ah, sim, só tô esperando o cara ligar que eu já saio.

Depois de uns minutos ele recebeu a ligação que esperava e saiu. Então aparentemente eu tinha imaginado coisas, mas isso não quer dizer que ele não tenha me olhado, claro.

– Filha, eu vou lá, tá? Tem certeza que não quer nada? – diz ele pegando a chave do carro e uma máscara.

– Tenho sim, pai – e dou um sorriso daqueles bem encantadores.

Ele volta em quarenta e cinco minutos com dois violões nas mãos e os coloca no quarto. Na sala, eu assistindo Netflix. Sempre que visto algo como uma legging ou um shortinho faço questão de colocar uma almofada no colo quando meu pai fica por perto, questão de modos mesmo, mas dessa vez eu estava com as pernas cruzadas sobre o sofá e como estava, fiquei.

Ele vai à cozinha, pega um café e volta, sentando na poltrona ao lado do sofá.

– Caraca, que frio, Larissa! Lá fora tá um gelo! – ele diz esfregando as mãos.

– É, e enquanto isso no Canadá aquele calorão! – respondo sem tirar os olhos da TV.

– O mundo está dos avessos mesmo, o Brasil congelando e Canadá pegando fogo! Cada uma rs… – bebe o café.

Silêncio. Curiosamente, até no seriado fez silêncio, me deixando ansiosa e um pouco constrangida, coisa que não me acontecia pela mera presença do meu pai.

Mas então eu vi. Eu vi! Rsrs Eu vi a primeira olhadela dele para minha periquita! Hahaha. Que delícia, ele olhou! Rsrs. Durou menos que metade de um segundo, e ele não sabe que percebi, provavelmente olhou por instinto, e tirou os olhos assim que percebeu, sei lá. Na verdade é óbvio que ele já deve ter olhado várias vezes ao longo da vida, afinal é quase involuntário, quem tem olhos simplesmente vê coisas, mas dessa vez era diferente, porque primeiro, eu desejei esse olhar, eu cruzei as pernas para ele; ele podia ter escolhido sentar-se ao meu lado, mas sentou-se onde poderia me ver melhor; e ele olhou uma e depois, outra vez, ainda que tão rápida quanto a primeira.

Ele sempre sentava naquela poltrona, é verdade, não posso dizer com certeza que ele a escolheu estrategicamente, mas ainda assim, olhou para entre minhas pernas e olhou de novo.

Tendo obtido isso, passamos a tarde nos nossos afazeres, ele com os violões no quarto e eu vendo o seriado e estudando um pouco depois.

Depois foi ficando muito frio, tive que colocar uma calça de moletom por cima da legging, o que encerrou minhas atividades naquele dia rs.

Eu sei que não foi um grande progresso, mas tenham paciência, eu estou indo pela forma segura. Pelo menos não tive nenhum motivo para desistir, pelo contrário, acho que isso só me deu combustível para continuar rs.

Se você tem alguma boa dica, fala pra mim! Me ajude! Rs. Uma moça disse que eu posso colocar meu celular gravando no bolso de trás do shortinho enquanto lavo a louça. Achei genial, porque de fato sempre ponho o celular no bolso de trás, como não pensei nisso antes! A cada olhadela dele eu terei registro. Farei isso amanhã, depois conto a vocês!

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