Julho 11, 2022

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A Viagem (parte 1/3)

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Não sabia o que esperar quando aceitei o convite de ministrar uma palestra naquela cidade desconhecida, mas as facilidades logísticas do processo, e o mistério que cobria outras possibilidades, acabaram me convencendo.

Por falta de recursos, eu iria repousar na casa da pesquisadora local, que prontamente me oferecera sua porta aberta para que eu repousasse pelos poucos dias necessários para o esquema.

Chegando na rodoviária da cidade, desempacotei minha mochila e pequena mala no taxi e informei o endereço dado.

Seria ingênuo falar que nunca havia pensado naquela mulher como algo a mais. Trocamos mensagens previamente e sempre houve um clima de flerte não declarado pelas entrelinhas. A questão agora seria andar na corda bamba que sempre aconselha aos profissionais a separar o trabalho do prazer.

Foi com esse pensamento que cheguei no seu apartamento. Minha bermuda bege e camisa de regatas branca, com estampa de artistas musicais, destoava um pouco do colorido que preenchia aquela paisagem brasileira. Ela me esperava em pé na porta do prédio, e desde o primeiro olhar senti uma ponta de desejo que crepitava dentro de mim, como a chama piloto de um eletrodoméstico.

Ela usava um vestido longo verde escuro, com alças finas, dando a ilusão de um tomara-que-caia, e o tecido, aparentemente pesado, dançava com a gravidade, deslizando por suas curvas até duas lindas pernas, expostas abaixo do joelho. Seu longo cabelo preto coroava sua pele escura, e um largo sorriso se abriu quando ela me avistou.

Ela chamou meu nome e veio prontamente me ajudar com as poucas bagagens. Trocamos um abraço e um beijo na bochecha, e em poucos instantes já trocávamos amenidades em forma de conversa.

Ela me mostrou o apartamento, indicando que eu usasse o seu quarto, e ela ficaria no sofá da sala para evitar qualquer desconforto. O apartamento trazia um ar de algo ocupado, exposto por seu tamanho e variedade de móveis, mas estava vazio: sua familia e filho estavam de férias em outra cidade.

Guardei minha mochila no quarto, e perguntei sobre o plano do dia. Enquanto a tarde avançasse e a noite se aproximasse, ela desejava me mostrar a cidade. Mas tudo deveria esperar por um banho, necessário após a longa viagem de ônibus. Ela sorriu, me emprestou uma toalha vermelha, e disse que me esperaria na sala.

E assim rapidamente tomei meu banho, inconscientemente pensando naquela mulher enquanto minhas mãos ensaboadas me lavavam. Havia uma química inegável no ar, quase como eletricidade que depositara sua carga entre abraços e simples beijos de bochecha. Sequei-me e, praguejando baixo, percebi que havia esquecido minha roupa no quarto. Enrolei a toalha e abri a porta do banheiro, atravessando o corredor em direção ao quarto. Não consegui evitar ser percebido por ela, que me olhou do sofá, em um longo olhar, notando meu corpo semicoberto. Entretanto, mas nada foi dito entre nós no momento. Apenas segui em frente e entrei no quarto, despindo-me e trocando de roupa para um moletom cinza e uma regata preta.

Ela me esperava na sala, à mesa, acompanhada de um café recém coado. Sentei-me com ela e conversamos mais um pouco. Já havíamos nos falado anteriormente por mensagens, então não havia necessariamente muito o que conversar, mas a conversa fluiu enquanto a noite se aproximava. Perguntei sobre o que esperar da sessão de comunicações acadêmicas e pessoas que tinham interesse, e ela me informou de alunos que ansiavam pela palestra. Pensava em planejar a palestra quando ela se distraiu com o rádio.

“Você dança?” Ela perguntou, curiosa.

Respondi que gostava, com um sorriso. Haja páginas para descrever minhas histórias dançando, que não caberão aqui.

“Posso dançar um pouco com você?”

Sua pergunta me levou a um estado de vulnerabilidade, provavelmente provocado pela possibilidade de dançar com ela, mas aceitei, mostrando-me um hóspede solícito.

Ela se levantou da mesa com um sorriso, e me abraçou intimamente. O contato de nossos corpos era interessante, de encaixe natural, sentia o cheiro perfumado de seu cabelo e perfume. Suspirei, tentando me concentrar e comecei a dançar vagarosamente. Testei alguns passos que foram prontamente respondidos, e fui caminhando por cada vez mais movimentos, pensando na palestra que eu poderia dar. Os erros e tropeços causados pela falta de prática e estranheza com o corpo do outro foram reagidos com risos e descontração, e continuamos nossa prática.

Encerramos com sorriso no semblante e abraços de agradecimento. Sentia-me atraído por ela, mas não poderia afirmar se era mútuo.

Finalmente ela me propôs um passeio, e me levou à um bar próximo à sua casa, com ambientação de madeiras escuras e decoração bem feita. Uma dose de cachaça local abriu nosso apetite e me relaxou, desviciando meu corpo daquela ânsia que sentia após dançar com ela.

O começo de noite rendeu com o bar ainda vazio. Beliscamos uns petiscos e trocamos conversas. Não bebemos muito, pois ela não gostava tanto de beber, e não quis beber sozinho, reservando-me a um ou dois copos. De qualquer forma sentia que sua presença era intoxicante. O modo natural e descontraído com que se portava me instigava, como se fossemos amigos de longa data. Sentia que ela se mantinha próxima deliberadamente, sentando-se ao meu lado, o que levou a acidentais esbarrões de joelhos e pés por debaixo da mesa. Decidimos voltar, antecipando o longo dia que seguiria. Pagamos a conta e caminhamos de volta ao apartamento.

No caminho o silêncio era preenchido por comentários leves, e notava olhares de soslaio decididos a mim. Sorria ao encontrar seu olhar, e me mantinha de corpo próximo a ela enquanto andávamos.

Ao chegar no apartamento, sentei no sofá, cansado, mas ela botou uma música para tocar, começando uma playlist aleatória que salvara meses atrás. Desta vez eu convidei-a dançar, estimulado pelo álcool em meu sangue, e ela aceitou com um sorriso.

Nossos corpos estavam cada vez mais à vontade com o outro, e sentia isso nos contatos que eles faziam, entre as pernas, com seu cabelo roçando na minha barba, com sua mão em minhas costas…

A dança foi um pouco mais solta dessa vez, não mais preocupado em explorar adversidades técnicas de movimentos, deixando-me levar pelo contato de corpos.

De repente o fim da canção foi subvertida pelo fluxo aleatório da playlist: um xote lento, cadenciado, com instrumentos que recheavam o ar com doces melodias. Apenas continuamos a dançar, desta vez sem trocar uma palavra.

Sentia meu coração acelerar enquanto a atração se tornava presente. Os movimentos de nossos corpos, antes tão banalizados, agora carregavam proporções ínfimas de intimidade. Cada transferência de peso era um pecado, e cada suspiro era um prenúncio. Os toques de seus dedos em meu pescoço arrancaram arrepios de uma pele sensibilizada, e sentia que ela me abraçara mais forte, trazendo-me mais perto ao seu corpo. Sentia as curvas de seu corpo pressionados contra o meu. Sentia a sua pele terna e sua carne suave em nosso abraço.

O contato me excitava, sentindo sua pele macia em contato com a minha. Comecei a notar todos os detalhes daquela mulher. O cheiro em seu pescoço, o modo como respirava mais profundamente agora, seus pelos na perna que roçavam nos meus.

Minha mão passeava lentamente pelas laterais do seu corpo. Em seu quadril, sentia o relevo de sua roupa íntima por debaixo do vestido. Ela retribuía, passando lentamente a mão por cima da camisa, em meu peito e abdômen, como se explorando terras desconhecidas nas pontas dos dedos.

Esse último toque arrancou um sutil suspiro de meus lábios, que repousou em seu ouvido. Ela respirava profundamente, e sentia seu coração acelerado por debaixo da roupa. Minha mão acariciava suas costas, acompanhando o mesmo que ela fazia com sua mão em minhas costas. Seus toques subiam, passando novamente pelo meu pescoço e acariciando as raízes de meu cabelo.

Meu corpo relaxava cada vez mais naquela dança que mal se movia mas que nos agitava tanto por dentro. Minha mão subia pela lateral de seu corpo, sentindo quase que sem querer os seus peitos que escapavam da ponta dos meus dedos. A música se encaminhava para o fim, e sentia que ela me conduzia para andar para a frente, empurrando ela pela sala.

Fim da parte 1

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