Março 28, 2025

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Teatro dos Desejos

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O teatro erguia-se como um espectro esquecido no coração da cidade, um prédio pequeno e decrépito que parecia suspirar sob o peso do tempo. Daniel empurrou a porta rangente, o gemido das dobradiças ecoando na penumbra enquanto o aroma acre de mofo e madeira úmida invadia suas narinas. A fachada de tijolos rachados, com o letreiro desbotado pendurado em letras tortas que mal resistiam ao vento, exalava abandono, mas havia algo naquele lugar que o atraía com uma força magnética. Ou talvez fosse apenas a necessidade crua, o desespero financeiro que o empurrava para dentro. Seus dedos trêmulos agarravam o roteiro, a capa amassada com letras góticas encarando-o como um desafio sombrio. Há meses sem um papel, sem um tostão decente no bolso, ele sabia que aquele teste era talvez sua última chance antes de desistir da sua arte, do seu sonho de se tornar um ator.

O interior do teatro era um mausoléu de sombras e memórias. A plateia de veludo vermelho, puída e manchada, estendia-se em fileiras vazias como um mar de silêncio roto apenas pelo ranger do assoalho sob suas botas pretas surradas. Ele vestia jeans desbotados que abraçavam as pernas longas, uma camiseta escura que perdera a forma original e uma camisa social cinza, amarrotada e frouxa, numa tentativa vã de parecer apresentável. O coração batia descompassado, um tambor ansioso ressoando no peito, enquanto subia os degraus estreitos até o palco. A luz fraca dos refletores mal perfurava a escuridão, mas lá, eles o esperavam.

Um homem estava inclinado à frente, o bastão de madeira entalhada repousando no joelho como um símbolo de autoridade. Seu casaco longo de veludo roxo profundo parecia absorver a luz, as mangas adornadas com broches prateados de serpentes entrelaçadas que cintilavam em reflexos sutis. Uma camisa de seda preta, com jabôs exagerados abotoados até o colarinho, contrastava com calças de couro envernizado que reluziam como obsidiana líquida, moldando-se às pernas esguias. Botas de cano alto, com detalhes em relevo, completavam o visual teatral, e um anel de ônix brilhava em seu dedo ossudo, capturando a penumbra. Os cabelos grisalhos caíam em ondas desalinhadas até os ombros, emoldurando um rosto pálido e anguloso, os olhos escuros cravados em Daniel com uma intensidade que parecia trespassá-lo.

Ao seu lado, uma mulher permanecia ereta, um caderno equilibrado no colo e uma caneta dançando entre os dedos finos. O vestido longo de seda preta, quase translúcido, deslizava sobre suas curvas voluptuosas como uma carícia, o decote profundo revelando o contorno generoso dos seios fartos, a pele pálida reluzindo na meia-luz. Uma fenda alta na perna expunha uma coxa torneada, e botas de salto agulha ecoavam sua aura de predadora. Um colar de pérolas negras repousava contra o colo, acentuando o mistério que a envolvia. Seus cabelos morenos, longos e indomados, caíam em cachos selvagens até a cintura, e os olhos negros, profundos como abismos, fixavam Daniel com um brilho enigmático que o fazia hesitar.

O homem levantou-se com um movimento fluido, o bastão tocando o chão com um baque leve enquanto sua voz grave rasgava o silêncio.

— Nome e idade, por favor.

Daniel pigarreou, a garganta seca traindo sua ansiedade.

— Daniel Moretti, 25 anos — respondeu, a voz rouca vacilando no ar.

O homem assentiu, os olhos nunca deixando os dele, e gesticulou com a mão adornada de anéis.

— Prazer, Daniel. Eu sou Cornelius Dräeger, diretor e autor da peça. Esta é Isadora Velluto, minha esposa e co-autora.

— Muito prazer. — Respondeu, Daniel.

Isadora inclinou a cabeça em um aceno mínimo, o rosto impassível como uma escultura de mármore, os lábios cerrados escondendo qualquer emoção. Cornelius prosseguiu, o tom formal cedendo a um sorriso largo e intrigante.

— Pode começar a qualquer momento — disse, apontando o centro do palco com um floreio teatral.

Daniel respirou fundo, fechando os olhos por um instante para domar o coração que parecia querer escapar do peito. O silêncio do teatro pesava como uma mortalha, o som de sua respiração ecoando em seus ouvidos como um tambor distante. Abriu os olhos, fixou-os em um ponto invisível na plateia vazia e deixou as palavras fluírem.

— Eu a vejo em cada sombra, em cada canto escuro desta existência miserável que chamo de vida — começou, a voz ganhando força a cada sílaba. — Não é apenas o fogo que queima em mim quando penso em seu corpo: a curva de seus lábios, o balançar de suas mãos, o calor que sei que escondes sob essa pele. É mais, muito mais. Uma paixão que me consome, que rasga meu peito como uma lâmina afiada, que me arranca do sono com seu nome nos lábios. Eu a quero com uma fome que não explica, com um desejo que me devora, mas também com uma devoção que me eleva. Nada — nem o tempo, nem a distância, nem o homem que ousou colocar um anel em seu dedo — vai me impedir de tê-la. Você é minha, eu sou seu, e que o inferno me engula se eu deixar algo ou alguém nos separar.

Ele terminou com a voz trêmula, os punhos cerrados, o peito arfando enquanto o eco de suas palavras se dissipava no vazio. Cornelius aplaudiu lentamente, as palmas espaçadas cortando o silêncio como trovões abafados.

— Muito comovente, — disse, a voz grave tingida de aprovação. — Autêntico, visceral. Gostei.

Isadora permaneceu em silêncio, os olhos negros fixos nele, o rosto uma máscara sem fissuras. Daniel murmurou um “obrigado”, o calor subindo ao rosto numa mistura de alívio e timidez.

Cornelius inclinou-se para frente, o sorriso afinando-se em algo mais calculado.

— Só mais uma coisa, Daniel. A peça é um romance erótico, como você sabe. E estamos trabalhando na produção uma cena de sexo no roteiro. Você tem algum problema em atuar totalmente nu?

— Não, nenhum problema.

Não pensou muito na pergunta. Após meses de portas fechadas e bolsos vazios, ele agarraria qualquer chance de voltar ao palco. Cornelius assentiu, satisfeito, e então falou, o tom casual mas firme.

— Ótimo. Então, por favor, se dispa.

Daniel franziu a testa, a confusão estampada no rosto.

— Perdão? Não entendi muito bem.

— Suas fotos no portfólio não tinham um nu frontal — explicou Cornelius, como se fosse a coisa mais trivial do mundo. — Preciso avaliar sua aparência sem roupas, já que é parte essencial pro papel.

Daniel engoliu em seco, o coração disparando enquanto alternava o olhar entre Cornelius e Isadora, que o encarava em silêncio. As mãos tremiam ao tocar a camisa, mas ele assentiu, murmurando um “tá bem” quase inaudível. Despiu a camisa social cinza, expondo o peito magro mas firme, os músculos sutis delineados sob a pele morena quente, reluzindo com uma fina camada de suor nervoso. As botas caíram com baques surdos, seguidas pelo jeans desgastado que revelou pernas longas e atléticas, marcadas por anos de trabalhos braçais. Por fim, puxou a cueca preta simples para baixo, ficando nu sob a luz fraca do palco, o ar fresco arrepiando sua pele exposta.

Com 1,85m, Daniel tinha uma silhueta esguia mas sólida, os ombros largos contrastando com a cintura estreita. O peito liso exibia uma linha fina de pelos castanhos que descia do umbigo até a pélvis. Os braços, ligeiramente musculosos, mostravam veias que se destacavam sob a pele morena. As coxas, robustas de carregar peso em bicos esporádicos, eram cobertas por uma penugem escura rala que se estendia até os tornozelos. Seu membro flácido pendia entre as pernas, de tamanho médio, a pele morena um tom mais escuro que o resto do corpo, repousando sobre os testículos bem delineados, envoltos por pelos castanhos esparsos. A vulnerabilidade de sua nudez era amplificada pelo tremor sutil das mãos e pelo rubor que subia ao rosto anguloso — maçãs altas, nariz reto, barba rala mal aparada.

Isadora, até então imóvel, pegou a caneta e começou a rabiscar no caderno, os olhos negros percorrendo o corpo de Daniel com uma lentidão quase predatória. Deslizou o olhar pelo peito definido, traçou a linha de pelos até a pélvis e deteve-se no membro flácido com uma atenção clínica. O som da caneta riscando o papel era o único ruído além da respiração entrecortada dele. Cornelius observava em silêncio, o olhar avaliador mas distante.

— Tá ótimo — disse Cornelius por fim, acenando com a mão. — Pode se vestir. Obrigado, Daniel. Entraremos em contato assim que decidirmos.

Daniel vestiu-se às pressas, os dedos atrapalhados enfiando a camisa e o jeans, o rosto quente de constrangimento. Murmurou um “até logo” e desceu do palco, os passos ecoando no assoalho enquanto saía do teatro. O ar fresco da rua bateu em seu rosto, mas não dissipou a sensação estranha que o teste deixara — um misto de exposição e algo mais sombrio que ele ainda não sabia nomear.

Daniel chegou ao teatro para o primeiro ensaio com o coração acelerado, uma mistura de excitação e ansiedade pulsando em suas veias. O que antes era um túmulo silencioso agora vibrava com um caos vivo que parecia impregnar as paredes rachadas. O palco de madeira rangente tornara-se um formigueiro de movimento, um espetáculo à parte antes mesmo da peça ganhar vida.

Dois cenógrafos, suados e com camisetas manchadas de tinta, arrastavam uma chaise longue de veludo vermelho para o centro do palco, o móvel chiando enquanto ajustavam sua posição. Um deles gritava ordens sobre o ângulo, martelando uma tábua solta com golpes secos que reverberavam na penumbra. Uma costureira baixinha, os óculos pendurados na ponta do nariz, corria de um lado para outro, a fita métrica balançando no pescoço como um colar improvisado. Ela segurava um vestido de seda preta idêntico ao de Isadora na audição, resmungando sobre ajustes enquanto alfinetes tilintavam em uma lata ao seu lado. Um técnico de iluminação, empoleirado numa escada instável, girava refletores enferrujados, o rangido metálico cortando o ar enquanto feixes de luz branca iluminavam a poeira flutuante. Ele praguejava baixo quando uma lâmpada piscava e apagava, o rosto vermelho de irritação. Três assistentes de palco, jovens de jeans rasgados e fones de ouvido, carregavam caixas de adereços — velas falsas, uma garrafa de vinho cenográfica, uma cortina de renda rasgada — empilhando-as nos cantos enquanto trocavam risadas sobre o ensaio anterior.

No centro do palco, Cornelius regia o caos como um maestro possuído. De pé, o casaco de cetim roxo esvoaçava com seus gestos largos, o bastão de madeira entalhada batendo no chão para pontuar cada comando. Sua voz grave trovejava, dominando o espaço.

— Mais à esquerda, seus inúteis! A chaise precisa brilhar no refletor! E onde está o vinho? Quero o cenário pronto pra ontem!

Daniel parou na entrada da plateia, o roteiro completo nas mãos, os olhos arregalados diante da frenética sinfonia à sua frente. O cheiro de tinta fresca misturava-se ao mofo, e o som de martelos e vozes formava uma cacofonia vibrante. Antes que pudesse se situar, Cornelius o avistou na penumbra, os olhos escuros faiscando de reconhecimento. Desceu do palco em passos rápidos, o couro das botas reluzindo, o bastão marcando cada passo com um toque seco. Ao se aproximar, abriu um sorriso teatral.

— Aí está você! A estrela do meu espetáculo!

Sem aviso, Cornelius agarrou o rosto de Daniel com mãos ossudas cheias de anéis, segurando-o como se fosse uma relíquia preciosa. O cheiro de tabaco e perfume invadiu suas narinas, e Daniel ficou rígido, os músculos tensos sob o toque inesperado. Cornelius perguntou, o tom carregado de entusiasmo.

— Pronto para os ensaios, meu jovem?

Daniel assentiu, disfarçando o desconforto que subia pelo pescoço.

— Sim, estou pronto. Mas… você ainda não me disse com quem eu vou contracenar.

Cornelius piscou, como se a pergunta o pegasse desprevenido, e deu de ombros com um gesto exagerado, o casaco roxo balançando.

— Não disse? Pensei que já tivesse dito. Isadora, claro. Ela vai contracenar com você.

O coração de Daniel deu um salto. Antes que pudesse reagir, Cornelius virou-se e marchou para os bastidores, o bastão batendo como um metrônomo. Daniel o seguiu pelos corredores estreitos, o ar pesado com cheiros de tinta fresca e poeira antiga. Perguntou, a voz hesitante.

— Isadora? Quer dizer, a sua esposa?

Cornelius parou diante de um cabideiro onde pendia um figurino — uma camisa de linho branca, aberta no peito, que Daniel reconheceu do roteiro. Acariciou o tecido com os dedos, respondendo sem olhar para ele.

— Sim, minha esposa. Isadora é uma atriz fenomenal, garoto. Foi por isso que me casei com ela. Algum problema com isso?

Daniel engoliu em seco, os olhos fixos no figurino enquanto tentava organizar o turbilhão em sua mente.

— Não, problema nenhum. Mas… eu li o roteiro, e tem umas cenas bem… intensas, sabe? Especialmente no terceiro ato. Você não se incomoda com isso?

Cornelius virou-se, os olhos escuros brilhando com uma mistura de diversão e desdém. Soltou uma gargalhada zombeteira que ecoou pelos corredores.

— Me incomodar?

Ele retomou o passo, o bastão marcando o ritmo enquanto continuava, o tom carregado de sarcasmo.

— Aquilo é só atuação, um fingimento artístico e nada mais. Você, como ator, deveria saber disso. Você é só uma peça no meu tabuleiro, Daniel — faz o que eu, o diretor, quero que você faça.

— Sim, mas…

— Nada de mais, garoto! É isso o que eu digo e acabou.

Daniel assentiu, a confusão pesando em seus ombros como uma corrente. Cornelius parou diante de uma porta nos bastidores, virando-se com um sorriso enigmático.

— Se prepare. Vamos começar os ensaios em breve.

Despediu-se com um aceno do bastão e desapareceu pelo corredor, deixando Daniel na penumbra. O som distante do palco — marteladas, gritos da equipe — ecoava ao fundo, mas ele mal os ouvia. Resmungou para si mesmo, a voz baixa e incrédula.

— Qual é o problema desse cara?

Abriu o roteiro, as páginas amassadas tremendo em suas mãos enquanto folheava até o terceiro ato. Seus olhos correram pelas linhas finais, e ele murmurou, quase para o papel, as palavras saindo em um sussurro trêmulo.

— Ele não vai querer que eu faça isso… ou será que quer?

As semanas passaram como um sonho febril, com Daniel e Isadora imersos nos ensaios da peça. A história girava em torno de uma mulher dividida entre desejo e moralidade, enredada em um caso extraconjugal com um amante obstinado a provar seu valor. A personagem de Isadora resistia, consumida pela culpa de trair o marido, enquanto o amante, vivido por Daniel, a seduzia com promessas de uma paixão avassaladora. No palco, eles dançavam entre o sórdido e o sublime, cada cena um teste aos limites de Daniel, que se questionava o quanto aquele romance sórdido não parecia representar um desejo velado dos dois autores.

Em uma delas, ele segurava as mãos de Isadora, os dedos suados deslizando contra a pele pálida dela, recitando falas carregadas de sensualidade crua.

— Seu corpo chama o meu, e eu não vou descansar até arrancar essa culpa dos seus olhos.

Isadora respondia com um sussurro rouco, os olhos negros faiscando sob os refletores.

— Você é o veneno que eu não consigo expelir.

Em outra, a cena transpirava romantismo, com Daniel ajoelhado aos pés dela, a camisa de linho aberta expondo o peito moreno enquanto falava com uma intensidade que o surpreendia.

— Eu daria minha vida pra provar que sou mais que um erro seu.

Isadora hesitava, a voz tremendo entre desejo e angústia.

— E se meu coração já pertencer a outro?

Fora do palco, Isadora era um enigma silencioso, o perfume de jasmim pairando ao seu redor como uma aura. Em cena, porém, ela se transfigurava, entregando-se à personagem com uma paixão que deixava Daniel sem fôlego. Sua voz oscilava entre o desejo e a dor, os gestos precisos como os de uma bailarina, o corpo voluptuoso movendo-se com uma graça predatória que o enfeitiçava. Ele, ainda inseguro, lutava para acompanhar, admirado com a força que ela injetava em cada ensaio.

Cornelius supervisionava tudo, ora da plateia, ora do palco, o casaco roxo esvoaçando enquanto batia o bastão no chão, gritando ordens que ressoavam como trovões.

— Mais fogo, Daniel! Você quer comê-la ou só tomar chá com ela? Isadora, menos rigidez — deixe a culpa sangrar pelos poros!

Ele gesticulava como um maestro enlouquecido, subindo ao palco para ajustar a posição das mãos de Daniel ou o ângulo da cabeça de Isadora, os anéis prateados reluzindo sob os refletores. Sua energia era um furacão, arrastando Daniel em sua correnteza.

Após semanas de preparação, o estômago de Daniel revirou-se ao perceber que chegara o dia do terceiro ato — o clímax da peça, onde a personagem de Isadora cedia ao desejo. Subiu ao palco, o coração martelando, e deparou-se com o cenário: um quarto decadente, com uma cama de ferro no centro, o colchão coberto por lençóis de cetim vermelho amarrotados, exalando um ar de uso prévio. A cabeceira, ornada com arabescos enferrujados, refletia a luz dos refletores. Ao lado, uma mesinha de madeira gasta sustentava uma garrafa de vinho cenográfica e duas taças, uma delas tombada. Cortinas de renda preta, rasgadas nas bordas, pendiam dos lados, projetando sombras dançantes no assoalho. Velas falsas com LEDs tremeluzentes alinhavam-se nos cantos, criando uma atmosfera de intimidade proibida.

Isadora já estava lá, sentada na beira da cama, o vestido de seda preta colado ao corpo voluptuoso, os cabelos morenos caindo em cachos selvagens sobre os ombros. Cornelius, na primeira fila da plateia, relia o roteiro com um sorriso enigmático, o bastão apoiado na cadeira ao lado. Ele ergueu os olhos e falou, a voz grave cortando o silêncio.

— Vamos ensaiar a partir do beijo, onde ela se entrega. Podem começar.

Daniel hesitou, coçando a nuca enquanto o suor escorria pela testa.

— Como a gente vai fazer isso?

Cornelius arqueou uma sobrancelha, o tom debochado.

— Você não leu o roteiro, garoto?

— Li, sim, mas… não entendi como vamos fazer — respondeu Daniel, a voz trêmula. — Vai ter um tapa-sexo ou algo assim?

Cornelius riu, o som zombeteiro ecoando pelo teatro.

— Tapa-sexo?! Você disse que leu o roteiro.

Pegou o texto, as páginas farfalhando enquanto continuava, o tom carregado de deleite.

— Quero essa cena visceral, crua, o mais realista possível. Tá tudo escrito aqui.

Abriu o roteiro em uma página marcada e leu em voz alta, saboreando cada palavra.

— Ele a vira de costas na cama, os lençóis enroscando-se nas pernas dela enquanto ela arqueia os quadris. As mãos dele agarram os seios fartos por trás, apertando os mamilos até ela gemer alto, o som ecoando no quarto. Ele a penetra com estocadas lentas e profundas, o membro deslizando dentro dela, o suor pingando das costas dele para a pele dela enquanto os corpos se chocam em um ritmo crescente, a cama rangendo sob cada movimento.

Daniel empalideceu, os olhos arregalados enquanto gaguejava.

— Você quer mesmo que eu faça sexo com a sua mulher em cena? Com a plateia inteira assistindo?

Cornelius o encarou, os olhos escuros faiscando com certeza.

— Sim, exatamente isso. Tem algum problema? Você é gay? Ou Impotente?

Daniel balançou a cabeça, o rosto quente de vergonha e incredulidade.

— Não, não sou gay. Muito menos impotente. Mas isso é loucura!

Cornelius suspirou, o tom cansado como se lidasse com uma criança teimosa.

— Loucura é querer limitar a sua própria atuação, garoto.

Daniel cruzou os braços, a voz subindo em indignação.

— Isso não é atuação, Cornelius. Isso é prostituição!

Cornelius riu novamente, o som reverberando com escárnio.

— Atuação e prostituição não são tão diferentes, meu caro. Ambas vendem o corpo por um preço — só mudam os aplausos.

Inclinou-se para frente, o bastão batendo no chão com um estalo seco.

— Se não quer fazer a cena, a porta tá ali. Pode ir embora.

Daniel hesitou, o silêncio pesando como chumbo. O dinheiro do papel era sua tábua de salvação — contas atrasadas, aluguel vencendo, meses de bicos mal pagos. Tentou negociar, a voz quase suplicante.

— Tem que ser tão explícito assim? Não dá pra fingir um pouco?

Cornelius cortou, a voz firme como aço.

— Não! É extremamente necessário que esta cena seja a mais realista possível. Arte sem transgressão não é arte. É só um produto castrado. A verdadeira arte precisa chocar, e essa peça vai fazer isso. Com você ou com outro que aceite.

Daniel resmungou, o rosto ardendo de frustração. Olhou para Isadora, sentada na cama, os olhos negros fixos nele com um mistério impenetrável. Perguntou, quase num sussurro.

— E você? Tá confortável com isso tudo?

Isadora riu de canto de boca, um som baixo e sensual que fez o estômago de Daniel dar um nó.

— Se estou confortável? Fui eu quem escreveu essa cena.

Ele ficou atordoado, a surpresa estampada no rosto. Após um longo suspiro, murmurou, as palavras arrancadas dele.

— Tá bem. Eu faço do jeito que você quer.

Cornelius deu uma salva de palmas irônica, o som ecoando como trovões.

— Maravilha! Vamos começar logo, então.

Daniel respirou fundo, o coração disparado, e aproximou-se de Isadora. Ela ergueu o queixo, os olhos de ébano brilhando com intensidade. Ele recitou a primeira fala, a voz rouca de antecipação.

— Você não pode mais fugir de mim. Esse fogo é nosso.

Isadora respondeu, a voz baixa e carregada de desejo.

— Eu traio tudo que jurei… mas não consigo te negar.

Ela o puxou pelo colarinho e o beijou, os lábios cheios e quentes colidindo contra os dele com uma ferocidade que o pegou desprevenido. O beijo era molhado, urgente, as línguas se enroscando com estalos audíveis que ecoavam no teatro vazio. Daniel sentiu o calor da boca dela, o gosto de vinho cenográfico misturado ao hálito doce, e suas mãos tremeram ao agarrar a cintura marcada, os dedos afundando na carne sob o tecido fino.

Cornelius gritou, o tom cortante com um traço de prazer.

— Mais paixão, Daniel! Chupe a língua dela como se fosse a última coisa que você vai provar!

Daniel obedeceu, aprofundando o beijo, o som molhado reverberando enquanto Isadora gemia baixo contra sua boca, as unhas cravando-se em seu pescoço e deixando marcas vermelhas na pele morena. O calor subia pelo peito dele, uma mistura de nervosismo e um desejo perigoso que ele tentava ignorar.

Isadora empurrou-o para a cama, os lençóis de cetim farfalhando sob seu peso com um som sensual. Arrancou o vestido com um gesto rápido, o tecido caindo ao chão como uma cascata preta, revelando seu corpo nu. A pele pálida, quase translúcida, reluzia sob os refletores, os seios fartos com mamilos rosados endurecidos apontando para o ar, a cintura marcada fluindo em coxas grossas que tremiam de antecipação. Entre as pernas, os pelos morenos brilhavam com umidade, o cheiro almiscarado invadindo o ar como uma promessa proibida. Ela ajoelhou-se entre as pernas dele, abrindo a calça com dedos ágeis. O pau de Daniel saltou livre, já semi-ereto, a pele morena escura pulsando com veias salientes, o prepúcio recuando para expor a glande úmida e brilhante.

Ela falou, a voz da personagem carregada de culpa e luxúria.

— Eu não deveria… mas você me faz querer pecar.

Abaixou a cabeça, os cachos morenos caindo como uma cortina, e tomou o pau dele na boca, os lábios envolvendo-o com uma pressão firme. Daniel arqueou o corpo, um gemido rouco escapando enquanto sentia o calor úmido da língua dela circulando a glande, chupando com uma sucção que reverberava em seus ossos. O prazer era elétrico, subindo pelas coxas como uma corrente, e ele se perdia na sensação, a linha entre atuação e instinto se desfazendo.

Cornelius inclinou-se para frente, o tom incisivo misturado com deleite.

— Isso, Isadora! Engula ele inteiro, quero ver sua garganta se mexer! Daniel, agarre o cabelo dela, mostre quem manda!

Daniel obedeceu, os dedos enroscando-se nos cachos morenos, puxando-a contra si enquanto ela o chupava com mais força, saliva escorrendo pelo queixo e pingando no chão. O som molhado enchia o teatro, e ele se entregava, o conflito interno afogado no calor que o consumia.

Isadora subiu no colo dele, os seios roçando o peito enquanto falava, a voz rouca e urgente.

— Tome-me… e que o inferno me julgue depois.

Guiou o pau dele, agora rígido e pulsante, para dentro dela, os lábios morenos da boceta se abrindo para engoli-lo. Daniel gemeu alto, sentindo o calor apertado e molhado envolvendo-o, os quadris dela descendo em um movimento lento que o fez cerrar os dentes de prazer.

Cornelius gritou, a voz carregada de êxtase.

— Vire ela de costas, Daniel! Quero ver os seios dela balançando enquanto você fode!

Daniel a virou na cama, os lençóis enroscando-se nas pernas dela enquanto ela ficava de quatro. Agarrou os seios fartos por trás, os mamilos duros entre seus dedos, apertando até ela soltar um grito rouco que ecoou no palco. Seu pau entrou fundo, as estocadas lentas e profundas fazendo a cama ranger, o suor pingando das costas morenas dele para a pele pálida dela. O som molhado dos corpos se chocando misturava-se aos gemidos dela, e ele falou, a voz entrecortada por desejo real.

— Você é minha… só minha agora.

Não sabia mais onde terminava a atuação e começava o desejo, o prazer queimando em suas veias enquanto a fodia com uma força que não planejara. Isadora virou-se de frente, deitando-se na cama, as pernas abertas enquanto o puxava para cima dela. Ele a penetrou novamente, os quadris batendo contra os dela em um ritmo frenético, os seios dela balançando a cada estocada. Ela gemia, as unhas cravando-se nas costas dele, deixando marcas vermelhas que ardiam na pele morena.

Cornelius berrou, o tom quase extasiado.

— Goze nela, Daniel! Na cara e nos peitos, como um animal marcando o território!

Daniel sentiu o clímax se aproximar, o calor subindo do pau até o cérebro como uma onda incontrolável. Saiu dela no último instante, o membro pulsante explodindo enquanto jatos brancos e quentes atingiam o rosto de Isadora — os lábios cheios, o queixo, os cabelos morenos — e escorriam pelos seios fartos, pingando nos mamilos rosados. Ela gemeu alto, o som ecoando enquanto esfregava o líquido na pele, os olhos negros fixos nele com uma intensidade que o trespassava.

Daniel caiu sobre os lençóis, ofegante, o corpo tremendo de prazer e confusão. Não sabia se atuara ou se apenas se entregara, o conflito interno afogado na onda de êxtase que o deixara exausto e saciado. Cornelius levantou-se, aplaudindo com euforia, as palmas rápidas reverberando no teatro.

— Bravo! Bravo! Isso sim foi uma atuação convincente!

Sorrindo, os olhos escuros brilhando de prazer, ele falou.

— Por hoje é só, mas amanhã ensaiamos de novo. Perfeito, vocês dois.

A peça tornou-se um fenômeno. O teatro lotava noite após noite, a plateia hipnotizada enquanto Daniel fodia Isadora no palco — o beijo feroz, o sexo oral com os lábios dela envolvendo-o, as estocadas contra a cama rangente, o gozo escorrendo pelo rosto e seios dela em um espetáculo cru e visceral. Cada apresentação terminava com aplausos ensurdecedores de pé, o público extasiado e chocado com a intensidade da encenação. Cornelius, nos bastidores, aplaudia junto, o sorriso de satisfação nunca deixando seu rosto. Daniel não questionava mais — o dinheiro pagava suas dívidas, e era tudo o que importava para ele.

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