Dezembro 4, 2024

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Sob o sol, sem reservas

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Do outro lado da piscina, o casal já não tentava disfarçar tanto. O homem a olhava em intervalos mais frequentes, com uma curiosidade que beirava a hipnose. A mulher, mais discreta, parecia analisar não apenas a cena, mas também a reação do parceiro. Não havia dúvidas: minha namorada era o centro de um palco que ela mesma criara, e nós dois sabíamos disso.

Ela, claro, percebeu. Como sempre, o brilho travesso em seu olhar me avisou antes mesmo de ela se mexer. Com uma calma quase teatral, levantou-se da espreguiçadeira, o movimento revelando um traço de desdém por qualquer convenção que pudesse conter sua liberdade.

De costas para eles, começou a desfazer os nós das laterais do biquíni. Não havia pressa em seus gestos, apenas uma provocação silenciosa, medida no tempo exato para que o casal não desviasse os olhos. O tecido deslizou por suas pernas, como se obedecesse à gravidade com relutância, até repousar no chão.

Ela ficou ali por um instante, nua sob o sol, ajustando os cabelos molhados com ambas as mãos. Da minha posição, eu via o casal inteiro em sua tensão. O homem mal piscava; os olhos fixos no que ela tinha decidido mostrar. E ela mostrava tudo. Sua pose, de costas para eles, era uma composição que só ela sabia criar: uma mistura de casualidade e pura intenção.

Com um movimento gracioso, ela se deitou novamente, de bruços, na espreguiçadeira. Mas não sem antes inclinar-se levemente, criando um ângulo que, por um instante, deixou absolutamente claro que o homem podia ver muito mais do que apenas um corpo dourado ao sol. Era um momento deliberado, sem margem para dúvidas, e a tensão no ar parecia vibrar como um fio esticado até o limite.

De óculos de sol, agora perfeitamente acomodada, virou-se ligeiramente para mim, mas sua voz era alta o suficiente para alcançar o outro lado da piscina.

— Acho que vou pegar um bronzeado perfeito hoje, não acha?

Eu sorri, sabendo que suas palavras não eram para mim, pelo menos não inteiramente. O homem, por sua vez, desviou o olhar, mas não por muito tempo. A mulher ao lado dele sorriu de canto, como se percebesse o jogo e decidisse se deixar levar.

Ela não precisava dizer mais nada. O momento falava por si. E eu, como sempre, estava encantado com a forma como ela transformava o mundo ao redor em um cenário para sua liberdade, sabendo exatamente o que queria mostrar – e para quem.

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