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Agosto 5, 2022

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Do Bar à Cama - Parte 1

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Todos se viraram quando ela entrou no bar, passando pela entrada de pedrinhas salpicadas e os diques de madeira decorativos.

Andava com confiança em seus saltos pretos logo abaixo de suas longas pernas desnudas. No corpo, usava um conjunto de jaqueta preta que se sobressaia nos ombros, como uma armadura fashionista, e uma saia da mesma tez que acabava atrativamente por entre suas coxas.

Um leve decote compunha parte do seu mistério. Era uma mulher que sabia o que estava fazendo, e gostava de impregnar o ambiente com sua aura de sensualidade.

Seu último acessório estava em seu braço direito, preso pela mão: um homem, aparentemente mais velho. Enquanto desbravava o ambiente, pronta para se fazer presente, ele parecia satisfeito em acompanhá-la, centímetros atrás, como se soubesse o seu papel naquele teatro social.

Acompanhada desse homem aparentemente mais velho, os cochichos logo seguiam, como uma sombra não quista.

Minha amiga maldosamente disse que ela deveria ser uma garota de programa, comentário que eu ignorei prontamente, reprovando-a com um olhar de repreensão.

Seu semblante carregava um cinismo de experiência, provavelmente já estava acostumado a este tipo de recepção ingrata.

Rapidamente ela virou o assunto de nossa mesa, e suspeito que de outras também. Começaram jogos de tentar adivinhar sua idade, outra pessoa na minha mesa afirmava que não devia ter mais do que eu e meus vinte e poucos anos.

Em breve, as pessoas desistiram de falar sobre ela, mas eu não consegui me distrair daquela presença. Seja por azar ou sorte, eu acabara de costas para a parede e com minha frente ao meio do bar, diretamente oposto à sua mesa, onde ela sentara com seu acompanhante, lado a lado, de frente para mim.

Em determinado momento da noite, seu encontro saía para fumar um cigarro, e a figura misteriosa ficou sozinha, bebericando seu drink azul claro de conteúdos tão misteriosos quanto ela.

Não resisti de lançar uns olhares em sua direção, disposto a causar turbulências na calmaria que era aquele rosto.

Quando finalmente cruzou seus olhos escuros com o meu, não soube dizer se era um convite ao flerte ou um tapa metafórico em minha mão, como quem afasta um abraço de um desconhecido.

Mas o estrago fora feito. Era um olhar profundo, e me atingiu em cheio. Depois dele, não pude evitar de olhar de instantes em instantes, buscando recriar aquele choque elétrico que senti quando ela finalmente me olhou.

Entre flashes de câmeras fotograficas as cervejas se esvaziaram, junto com o bar, e a noite foi acabando. Meu estado letárgico finalmente me vendeu, e resolvi ir para casa. Não olhei para trás para uma última olhada, mas fantasiei que ela olhara para mim, levemente desapontada.

Naquela noite, sozinho em minha cama, sonhei com flertes mais explícitos, onde nós consumávamos uma paixão incauta em uma parede mal iluminada num beco qualquer.

Acordei de súbito, suado e excitado, sem conseguir dormir. Meu short de cama, fino e mole, não me ajudava a manter minha mente clara. Era óbvio que eu não conseguiria dormir pensando nela.

Abri meu celular e fiquei indoneamente passando pelas diferentes telas e fotos de mídias sociais. Minha amiga havia publicado uma foto da noite e me marcado. No fundo da foto, lá estava, como se olhasse diretamente para a câmera, ignorando seu parceiro que se ocultava na foto.

Aproveitei e perguntei em mensagens se minha amiga a conhecia e, para minha surpresa, ela disse que sim.

Entre risos e a contragosto, ela me explicou um pouco sobre seus mistérios. Chamava-se Zara. De dia, estudava Medicina e de noite era vista rondando os bares da cidade. A cada nova rotação da Terra em si, a mulher aparecia com um novo parceiro.

Ninguém sabia se era paga pelas suas companhias ou se era apenas sua preferência por homens mais velhos. Pra ser sincero, eu não me importava muito com isso, mas queria conhecer mais sobre.

Mas o destino (ou minha sorte) não quis que eu a encontrasse tão facilmente. Minha amiga sabia apenas o que um ex namorado contara para ela, e ela não pretendia retomar contato, muito menos por minha causa.

Foi em outra noite e outro bar que nos cruzamos novamente. Eu me aventurava em um encontro de aplicativo, sozinho com minha companhia. Minha roupa não convidava muitas coisas, mas tentei caprichar no resto: barba bem feita, cabelo levemente bagunçado, e apenas um borrife de perfume doce aquecendo o lado direito do meu pescoço.

Minha companhia parecia ser alguém interessante. Trajava um short esverdeado e uma blusa de alças brancas, expondo a pele de seus braços e pernas ao calor do verão carioca. Ao invés de sentar de frente para mim, resolveu sentar ao meu lado, ocupando a cadeira à minha direita.

Não eramos estranhos um do outro. Entre conversas de aplicativos trocávamos gostos de filmes, música, e transas. Ela me parecia alguém aberta, sem medo de compartilhar sua cama com outro. Apesar de não termos trocado fotos íntimas, já tínhamos olhado o corpo do outro, que agora examinávamos com olhos vivos.

Uma hora já esvaía do relógio quando Zara entrou no bar, novamente acompanhada de um homem mais velho a seu lado. Em seu corpo, um vestido branco, com mangas curtas que cobriam apenas seus ombros, com detalhes floridos em azuis, fazendo de sua silhueta porcelana. Seu vestido, como se desistindo de um difícil trabalho, acabava justamente acima dos joelhos, como um vaso sinuoso de curvas atraentes. Completando o conjunto, dois sapatos azuis ornamentavam seus pés, e uma bolsa branca ocupava sua mão livre.

Zara não me notou naquela hora, e tentei não me distrair demais com sua presença para não incomodar minha leve companhia que tocava meu braço entre conversas e risadas.

A cerveja gelada e barata rendeu aos nossos longos papos, discutindo sobre política, fofocas e romances de outros tempos. O que era para ser um encontro social foi se tornando mais, e eu me sentia cada vez mais atraído pela minha companhia, que se chamava Bruna.

Em pouco já estávamos nos beijando. E como aquele beijo encaixava… Transportava-me como em um transe, sequestrado por aquela língua que abraçava a minha. Nossas mãos, como em ciúmes da boca, buscavam tatear discretamente os nossos corpos, sentindo a excitação acelerar e aquecer nossos corações.

A mão de Bruna já acariciava convidativamente meu joelho e coxa, como se procurasse algo, enquanto nos beijávamos como adolescentes no bar mal iluminado.

Quando pagamos a conta e saímos de mãos dadas do bar, já não pensava mais em Zara. E quando beijava Bruna na rua ao lado, já de madrugada, nem lembrava que havia encontrado-a no dia.

Bruna parecia satisfeita com minha boca em seu pescoço e meus dedos dentro de seu short desabotoado, que sentiam como ela salivava por meu toque.

Mordia os lábios enquanto a tocava e gemia baixo em meu ouvido, um pouco envergonhada de estarmos se tocando na rua, apesar do baixo número de pessoas passando.

Mas Bruna não queria passar a noite comigo. E foi assim que, sem gozar, dispensou meus toques e carinhos, agradeceu a noite com mais um beijo quente, e pediu sua carona de volta.

Esperei ela pegar um carro de aplicativo e comecei a refazer meu caminho ir para o bar, ainda meio bêbado e excitado.

Quando alcancei o bar ele já fechava, expulsando os últimos clientes, dentre os quais incluía Zara, que fumava na porta com uma saideira na mão e sua bolsa branca pendurada no ombro.

O álcool em meu sangue (e talvez minha excitação também) me incentivava a interagir com ela, mas não sabia por onde começar. Antes que pudesse falar algo, ela olhou para mim, traçando um olhar de baixo a cima, paralizando-me.

Esperava encontrar alguém do seu lado, mas parecia estar sozinha. “Eu vi você me olhando no bar, tá?” Zara avançou sobre mim, desafiadoramente.

“Eu não fui o único” falei instintivamente, mas logo me arrependi de participar dos maliciosos olhares contra ela. “Quer dizer, desculpa, não quis incomodar.”

Ela estreitou os olhos, como se examinando minhas intenções, e seguiu: “Não só hoje. Naquele dia também.”

Parecia me testar, para ver se eu declararia minhas intenções. “É que você estava linda, e ainda está”

Minha voz soava estúpida e sem nenhum atrativo aos meus ouvidos.

“Sabe que isso não te dá direito a ficar encarando, né?”

Jogou fora o cigarro numa poça e avançou um passo a mais em minha direção. Já estava encurralado na parede adjunta, e cada vez com menos saída.

“Achei que você estivesse acompanhada” disse, endireitando-me um pouco.

“E estava, mas ele me pagou e foi embora.” Após um estranho silêncio, continuava: “Eu sei o que você está pensando…”

Fiquei calado.

“Os homens me pagam para sair comigo. Eu fazia isso de graça, até que pensei: ‘Por quê não?’ Ao invés de gastar, agora pelo menos sou recompensada de vez em quando.”

Zara se manteve silenciosa, esperando ver minha reação.

“Não tenho nada contra esse tipo de trabalho” disse, tentando disfarçar o fato de que não conhecia muito sobre. “Na verdade, nunca conheci alguém que fizesse isso”

Frente à minha sinceridade, ela relaxou um pouco, e me ofereceu seu copo de cerveja.

“Eu não transo com todos eles, sabe?” Esbocei uma reação de surpresa. “Só com os que eu quero.” Você entreabriu seus lábios em um singelo sorriso.

Não podia deixar de notar aqueles lábios. Mesmo de batom gasto, só podia pensar como seria beijá-los. O álcool em meu sangue dificultava minha atenção em qualquer conversa que não envolvesse um diálogo entre nossas línguas, e lutava para me manter concentrado.

“Você pagaria para sair comigo?”

Não sabia se era um teste ou um flerte, então me mantive em silêncio, olhando para seus olhos castanhos escuros.

“Se você vai agir como mais um cara na minha frente, pelo menos que seja o pacote inteiro. Não vai me oferecer uma bebida?”

Ela estava agora apenas a poucos passos de distância, e já conseguia sentir o cheiro de seu perfume: um misto de metálico e alcoólico emanava de seu pescoço, e um outro cheiro doce emanava de seu cabelo, provavelmente de um produto capilar.

“Posso te pagar uma bebida?”

Foi a única coisa que me forcei a falar.

Ela riu e olhou para o bar que fechava.

“Tem cerveja em casa”, afirmou.

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