
Por
Ele olhou de novo - e eu deixei
Voltei ontem ao mesmo bar.
Já fazia dias que aquela primeira ida não saía da minha cabeça. O olhar dele. O botão esquecido. O folder do happy hour entregue com dedos firmes demais e olhos que não sabiam se pediam desculpa ou queriam mais.
Dessa vez, escolhi com mais cuidado. Saia longa, daquelas com fenda discreta mas estratégica. Blusa ciganinha, ombros à mostra, tecido leve que sugeria mais do que dizia. E sem sutiã.
Nada vulgar. Nada evidente. Mas eu sabia. E o saber, por si só, já me deixava desperta.
Enquanto ajeitava a blusa no espelho, me perguntei o que o meu marido pensaria se me visse assim. Provavelmente acharia que estava tudo certo. Talvez estivesse.
Ao entrar no bar, escolhi uma mesa próxima à anterior. Queria ser atendida por ele de novo. E fui.
Ele me reconheceu. Tentou esconder no sorriso profissional, mas a hesitação ao me cumprimentar entregou tudo.
Novamente ele me ajudou a puxar a cadeira. As mãos passaram pela parte alta das minhas costas, o toque breve de alguém que tenta ser educado, mas que sente demais naquele gesto mínimo.
Pedi uma cerveja. Ele confirmou o pedido com os olhos ainda presos nos meus ombros.
Senti o arrepio correr pela lateral do peito.
O tecido leve da blusa não marcava muito, mas o frio junino de São Paulo fazia meus mamilos responderem. Eu senti. E percebi que ele viu quando ele retornou com a cerveja.
Foi sutil. Um olhar rápido. Depois outro, mais demorado, fingindo atenção ao porta-guardanapos.
Me acomodei um pouco mais na cadeira. Estiquei os braços para pegar o celular, o movimento natural de quem não se dá conta de si. Mas eu sabia: aquele gesto fazia a blusa descer levemente no decote, expondo mais curva do que o tecido normalmente deixaria. Não muito. Só o suficiente para ele hesitar. E hesitou.
A luz vinha de cima. O tecido era claro. E ele olhou. Por tempo demais. Por ângulo demais. Eu me ajeitei, fechei os braços… tarde demais? Não sei o que ele viu. Mas sei o que ele sentiu. E isso me aqueceu.
Fiz de novo depois de alguns minutos, ai vê-lo se aproximar. Um movimento preguiçoso de quem ajeita os cabelos para trás. O decote cedeu mais um pouco. Fingida naturalidade. Um jogo sutil que ele talvez suspeitasse, mas não conseguiria provar.
Ele limpava uma mesa próxima, de frente para mim, e ao erguer os olhos, se deparou novamente com a paisagem. Os olhos congelaram por um segundo antes de continuar o movimento.
Como se não tivesse visto. Mas viu.
Eu recuei um pouco os ombros, como quem busca conforto na cadeira, e senti a blusa se afastar do centro. Não estava aberta. Mas era quase.
E no “quase”, eu comecei a gozar por dentro.
A noite seguiu lenta. Meus goles foram poucos. A cada retorno dele à mesa, algo se afinava entre nós. Não houve palavras fora do necessário. Mas a tensão… ela crescia.
Antes de eu pedir a conta, ele deixou, mais uma vez, um folder do happy hour. Mas dessa vez, havia algo escrito atrás.
Não um número. Não uma frase direta. Apenas: “Volta amanhã. Quinta é o último plantão da semana.”
Cheguei em casa e deixei o folder sobre a mesa. Fiquei olhando por um tempo.
Tirei a blusa devagar. Toquei meus seios, ainda duros. O frio da noite, ou o fogo de antes? Não sei.
Sei que voltei mais certa.
Mais molhada.
Mais minha.
E com a dúvida trocada.
Não é mais se quero viver mais disso.
É como vou fazer pra aguentar até o dia seguinte.
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