
Por
Primo vacilão
Era uma quinta-feira comum até que a notificação do grupo da família vibrou no meu celular. O tiozão mandou aquele convite clássico:
“Feriado chegando… e aí? Bora todos pra praia?”
Não deu nem cinco minutos e o grupo virou uma bagunça: confirmações, risadinhas, figurinha de cerveja e palminha. E, claro, começaram as combinações. Carros, quartos, comida, quem levava o quê.
Ficou decidido que eu ia levar no meu carro o meu primo Renato, a namorada dele e meus tios — os pais dele. Tranquilo. Gosto de estrada e, honestamente, qualquer desculpa pra sair da rotina e pegar um sol já valia.
Me chamo Brian, tenho 26 anos. Sempre fui o cara piadista, daqueles que conquista no papo e se garante no olhar. Cafajeste, confiante e direto.
Na sexta próximo das 17 horas, buzinei em frente à casa dos meus tios. Renato apareceu pra abrir o portão — moleque de 18 anos, extrovertido até demais, mas com aquele jeito imaturo que ainda não aprendeu a lidar com as próprias inseguranças. Ciumento e possessivo. O tipo que quer ser homem… mas ainda não entendeu o que isso significa.
Esperei no carro enquanto eles arrumavam as malas, e então ela apareceu.
Jéssica.
Dezoito anos. Corpo de parar o quarteirão, tipo MC Mirella, daquele jeito que mistura vulgaridade com doçura. Pele clara, cintura fina, coxas firmes e uma bunda que pedia uns tapas. Ela usava um tomara-que-caia azul e um shortinho legging preto de academia .
Mas o que me pegou mesmo foi o contraste.
Ela era tímida. Introvertida. Caminhava devagar, os olhos no chão, os braços cruzados como se tentasse se esconder. Uma menina com ares de mulher, e uma aura vulnerável que só atiçava ainda mais o meu instinto de provocar.
Meu olhar passeou por ela, mas meu rosto manteve o sorriso tranquilo.
— E aí, Jé… pronta pro fervo? — soltei, olhando pelo retrovisor quando ela entrou no carro.
Ela sorriu, sem jeito, e aquilo bastou pra acender algo em mim.
A viagem seguiu tranquila. Boa música, papo solto, Renato sempre querendo ser o centro das atenções. Mas a cada risada contida da Jéssica, a cada vez que ela arrumava o short discretamente… eu me pegava querendo saber a cor da bucetinha dela.
Chegamos na casa da praia antes de todo mundo. Escolhi logo o melhor quarto, sem dar chance pra ninguém, e fui direto pro banho. Depois, borrifei meu 212, o cheiro marcante que sempre deixava rastro. Sabia que se a Jéssica chegasse perto, ia sentir. E sabia o que esse perfume costumava causar.
Provocar aquela garota, sentir ela desconcertada por minha causa… me dava um tesão inacreditável. Não era nem sobre pegar, era sobre ver ela perder o controle, mesmo tentando esconder. O prazer tava no jogo.
Enquanto meus tios organizavam a bagunça, sugeri que fôssemos até a adega mais próxima buscar umas cerveja.
— Bora pegar umas brejas antes que os malas cheguem? — falei, já com a chave na mão.
Renato topou. Jéssica hesitou, mas veio.
No carro, botei o som no volume certo, alto o bastante pra preencher o ar, baixo o suficiente pra conversarmos. Acendi um baseado e ofereci com naturalidade.
— Fica tranquila, Jé. Só pra dar uma relaxada. Primeira noite tem que começar leve, né?
Ela ficou sem jeito no início. Olhou pro Renato, depois pra mim. Tentou negar, mas, no fim, aceitou. E logo estava sorrindo, os olhos mais vermelhos, a postura menos travada.
Já na adega, soltei uma piada qualquer, uma daquelas bobagens com duplo sentido que sempre deixam no ar uma dúvida. Jéssica riu. E, sem pensar, enquanto ria, passou a mão no meu braço.
A pele dela era quente, leve. O toque rápido, quase inconsciente. Mas foi suficiente pra acender um alerta, não só em mim, mas no Renato também.
— Tá rindo do quê? — ele soltou, com aquele tom atravessado, disfarçado de brincadeira, mas com veneno por trás.
Ela se retraiu imediatamente. Fechou o corpo. Silenciou. O brilho nos olhos apagou como uma vela soprada.
Voltamos pra casa em silêncio. O clima tinha mudado, mas não pra mim. Aquilo só confirmou o que eu já suspeitava: Jéssica sentia algo. Talvez fosse coisa da minha cabeça ou ela nem soubesse direito o que, mas sentia.
De volta à casa, meus tios avisaram que o resto da galera ia demorar. Estavam presos no trânsito. Então, fizemos o que qualquer um faria: cerveja, música, cadeiras plásticas na frente da casa e papo furado.
Lá pelas onze e meia, meus tios foram dormir. Ficamos só nós três. O álcool circulando no sangue, a noite quente, o ar denso de um silêncio cheio de coisas não ditas.
— Tô com sono… vou deitar — disse Jé, a voz baixa, os olhos meio baixos.
Entramos.
Renato, sem cerimônia, se jogou na cama de casal do quarto onde eu tinha deixado minha mochila.
— Vai dormir onde, Brian? No chão ou na sala? — perguntou, como se já fosse dono do quarto.
— No chão mesmo, tá suave — respondi com um meio sorriso. Jogo de cintura era comigo.
Esperei os dois irem se trocar. Peguei um colchão de solteiro, tirei a camiseta e coloquei uma samba canção confortável. Ajeitei o colchão no chão, bem do lado onde a Jéssica se deitou. Estávamos ali, todos no mesmo quarto, cobertos pela mesma escuridão. Boa noite. Silêncio.
No meio da madrugada, virei de lado e me deparei com uma cena quase cruel.
Jéssica, dormindo de lado, de costas pra mim. O cobertor não cubra a bunda dela, o shortinho enfiado naquele rabo delicioso moldando a bunda dela como se tivesse sido desenhado ali.
Fiquei ali. Olhando. Sentindo o peso do desejo crescer como uma onda. Não fiz nada. Só observei, em silêncio, com o corpo em brasa e o autocontrole por um fio.
Adormeci pouco depois, com aquela visão dela ainda pairando na minha cabeça.
Às oito da manhã, acordei com os sons abafados da família chegando. Vozes, risadas, porta de carro. Meu corpo ainda respondia a visão daquele rabo de madrugada. Pau duro. Pressão latejando.
Deitei de barriga pra cima, tentando disfarçar. E foi aí que percebi.
Jéssica estava acordada. Me olhando.
Por um segundo, ela sustentou o olhar. E depois desviou rápido, pegando o celular como quem se esconde. Mas eu vi. Eu senti.
Ela também sabia.
Nos levantamos. Cumprimentamos os recém-chegados com sorrisos comuns, olhares normais, vozes ensaiadas.
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