Margarida
Pela diferença de idades e por todas as restantes diferenças, inclusivamente, o facto de ela ser heterossexual, nunca permiti que percebesse que a queria com todas as minhas forças. Mas é como a Shane diz… “But Gloria, you know I’m straight. So is spaghetti until it gets wet.”
Após 3 anos de amizade, a Margarida começou a dar-me alguns sinais de que os seus sentimentos por mim não eram de pura amizade. Desde ter ciúmes se me (re)aproximava de outras mulheres, a ameçar que me daria com cenouras caso me portasse mal (e não era de uma forma inocente)… Passou a pedir-me mimo quando estava carente. Mas pela amizade que construímos, sempre o ignorei.
Até que vieram as discussões. Quando discutíamos, parecíamos um casal. No final, acabávamos aos abraços e beijinhos. Até que houve uma discussão feia… E por orgulho, nenhuma de nós pediu desculpa durante meses.
Ao combinarmos um jantar com os nossos amigos, decidi pedir-lhe desculpa e dizer-lhe o quanto sentia a sua falta. Não me respondeu.
No dia anterior ao jantar, enviou-me uma sms “Amanhã vem ter comigo ao sítio do costume”. Ia sempre ter com ela a casa, e seguíamos juntas para o jantar. Desta vez foi igual.
Ao vermo-nos, não houve os sorrisos típicos nem os cumprimentos entusiasmados. Havia um clima de desconforto e precisava ser quebrado.
Abracei-a, pondo uma mão na sua nuca. Sem pensar muito no que ia fazer, puxei-a para mim e beijei-a.
O seu primeiro instinto foi afastar-me e perguntar o que estava a fazer.
– Quando é que vais admitir que estás apaixonada por mim? Quando é que vais admitir que não me vês como uma simples amiga? – perguntei.
– Estás louca! Se foi para isso que vieste, podes ir embora!
Aproximei-me novamente, o que a fez recuar até à parede.
– Vais dizer que não sentiste nada? Que não queres que o volte a fazer? – insisti.
– Raquel, sai! Eu namoro com o João!
– Não és capaz de me responder? Diz-me que são coisas da minha cabeça, que arranjei estas desculpas para justificar o teres-te afastado e vou embora.
– São coisas da tua cabeça. – disse.
– Então porque é que era a mim que me pedias mimo quando estavas triste? Porque é que tinhas ciúmes das outras mulheres?
Ficou em silêncio a olhar para mim.
Voltei a aproximar-me dela. Aproximei os meus lábios dos dela e perguntei se queria que me fosse embora.
– Não… – respondeu.
– Queres ir neste clima para o jantar? Eles vão perceber…
– Não…
– Posso beijar-te?
Levantou os olhos e olhou-me nos meus olhos.
– Nã…
Não a deixei terminar. Encostei os meus lábios aos seus, sem fazer pressão. Não se afastou.
– Quero-te desde o dia em que te vi entrar na sala pela primeira vez. – disse-lhe.
Fechou os olhos e respirou fundo.
– Eu nunca senti isto por nenhuma mulher. Eu não sei lidar com isto! – respondeu.
– Deixa-me mostrar-te o quanto te quero. Se quiseres que pare a qualquer instante, diz-me.
Pus as mãos à volta da sua face e puxei-a para mim. Beijei-a na testa, nos olhos, nas bochechas.
– Não sabes as vezes que sonhei com isto. – disse-lhe, antes de juntar os meus lábios aos dela.
Beijámo-nos lentamente, ainda que tivéssemos amigos à nossa espera. Fui passando a língua entre os seus lábios, para que me deixasse invadir a sua boca.
Quando mo permitiu, o beijo tornou-se mais quente, mais rápido. Desci a mão pelo seu pescoço, peito, deixando-a pousada na sua mama e dando um pequeno apertão.
A nossa respiração começou a acelerar. Não queria parar por ali, mas perguntei-lhe se queria que o fizesse. Respondeu que não, que queria ir até ao fim.
Mas tínhamos os nossos amigos à espera e tivemos de sair.
Durante o jantar, fomos aquilo a que eles estavam habituados. Ninguém percebeu que tínhamos estado meses sem conversar. Ninguém percebeu que nos despíamos com os olhos, mesmo com eles ali ao lado.
Terminou o jantar, pagámos e naturalmente, como tantas outras vezes, abracei-a.
– Sempre te disse que queria que me mostrasses esse teu lado menos certinho, que fode onde lhe dá a vontade. – segredou-me.
Estávamos num centro comercial, pelo que apenas tínhamos provadores e casas de banho.
– Meninos, vou ao wc! Levo a Margarida comigo!
Peguei-lhe na mão e guiei-a até ao wc mais próximo. Mal entrámos, encostou-me à porta e beijou-me. Não o beijo de quem tinha medo, como mais cedo fora. Um beijo decidido, cheio de tesão.
Puxei-lhe o vestido para cima e não perdi tempo. Desviei as cuequinhas e passei os dedos entre os lábios. Tinha a buceta húmida, o clítoris duro. Comecei a acaricia-lo, alternando entre movimentos lentos e rápidos, sentindo-a quase a vir-se. Beijava-a para que não a ouvissem gemer. Esse prazer seria só para mim. Meti a outra mão por trás e penetrei-a com dois dedos.
Foi assim, com uma mão a tocar-lhe o clítoris e dois dedos dentro dela que ela chegou ao orgasmo e se veio, pela primeira vez na vida.
– Isto nunca me tinha acontecido! Pensei que era um mito! – disse-me.
– É para saberes o que andaste a perder por não admitires que estás apaixonada por mim. – disse-lhe, com um sorriso travesso.
– Estou apaixonada por ti, Raquel.
– Eu sei, mas ainda bem que finalmente assumes! – disse-lhe, beijando-a.
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