A professora na barraca
O ar salgado do litoral baiano entrava pela fresta da barraca, misturando-se com o cheiro do nylon envelhecido e do suor que já começava a pintar na minha pele. O trabalho de campo de Biologia Marinha era a desculpa, mas todos nós, alunos, sabíamos que aquele fim de semana na Praia do Espelho seria muito mais sobre libertar hormonas do que sobre recolher amostras de água. Eu, com os meus vinte e poucos anos, o corpo ainda um farrapo magro de adolescente tardio, mas já com a pila grossa e pesada de um homem, sentia a energia do lugar. A fogueira crepitava lá fora, as vozes dos meus colegas e dos dois professores responsáveis, o Professor Aluísio e a Professora Maira, ecoavam na noite, embebidas em cerveja e na libertinagem que apenas uma viagem académica pode proporcionar.
A Maira. Ela não devia ter mais de trinta e cinco anos, mas carregava uma aura de experiência que me deixava com a boca seca. Não era uma beleza convencional. O cabelo castanho, sempre preso de qualquer jeito, os óculos com armação fina que ela constantemente empurrava para o nariz com um dedo, as roupas simples, quase masculinas. Mas havia algo no seu jeito contido, na forma como os seus olhos claros pareciam ver tudo, que me excitava de uma maneira doentia. Era a professora, a figura de autoridade, a mulher proibida.
O caos das divisões das barracas fez com que ela ficasse sem lugar. O Professor Aluísio, já meio bebedo, sugeriu com uma gargalhada que ela partilhasse comigo. “O Gabo é um rapaz sério, Maira. E a barraca é grande!”, dissera ele. Ela hesitou, mas a logística falou mais alto. E assim, encontrei-me fechado numa barraca de campismo, sob um céu estrelado, com a minha professora de Ecologia.
O silêncio inicial era pesado, cortado apenas pelo som das ondas. Ela sentou-se no seu colchão de ar, a arrumar a mochila, evitando o meu olhar.
“É um pouco estranho, não é?”, disse ela, por fim, com uma risada nervosa.
“Um pouco”, concordei, sentado no meu próprio colchão, a poucos metros de distância. “Mas é só dormir, né?”
A conversa morreu ali. Para quebrar o gelo, peguei no meu telemóvel. “Quer ver umas fotos que tirei hoje das amostras? E umas outras da paisagem…”
Ela anuiu, e eu sentei-me ao seu lado, o nosso corpo quase a tocar. Passei as fotos, uma a uma, comentando as formações rochosas, o pôr-do-sol. A atmosfera estava carregada, elétrica. E então, sem querer, deslizei para a frente uma foto que não devia estar ali. Era uma selfie que eu tinha tirado na semana anterior, no espelho do meu quarto, completamente nu. O meu corpo magro em contraste com a minha pila, totalmente erecta, grossa como um punho fechado, as veias salientes a desenharem um mapa de poder na sua pele, a apontar para a câmara com uma arrogância juvenil.
Tentei passar a foto rapidamente, mas foi tarde demais. Um som sufocado escapou-se da boca dela. Ela não disse nada. O seu corpo ficou rígido ao meu lado. O ar pareceu sair da barraca. O meu coração batia tão forte que eu tinha a certeza que ela o ouvia.
E então, lentamente, ela virou o rosto para mim. Os seus olhos por trás das lentes já não eram os de uma professora. Eram os de uma mulher. Escuros, dilatados, carregados de uma fome antiga. A sua mão, trémula, tocou no meu rosto.
Ela não disse uma palavra. Inclinou-se e os seus lábios encontraram os meus.
Não foi um beijo de estudante. Foi um beijo de mulher faminta. A sua boca abriu-se sob a minha, a sua língua invadiu-me com uma urgência que me fez perder o fôlego. As minhas mãos, inicialmente paralisadas, agarraram-lhe a nuca, puxando-a para mim com força. O telemóvel caiu no chão da barraca, ignorado. O mundo exterior, os meus colegas, a fogueira, tudo se desvaneceu. Existia apenas aquele espaço pequeno e quente, o sabor dela na minha boca, a senti-la a tremer contra mim.
Quebrei o beijo, ofegante. “Maira…”
“Cala-te”, sussurrou ela, a voz rouca, enquanto as suas mãos abriam o meu casaco, depois a minha camisa, as suas unhas a arranharem a pele do meu peito. “Só… cala-te e fode-me, Gabo.”
Era tudo o que eu precisava de ouvir. A ficha de professor e aluno tinha virado. Agora éramos apenas um homem e uma mulher, num lugar isolado, com uma noite inteira pela frente.
Empurrei-a para o colchão, a minha boca a descer pelo seu pescoço, mordiscando, sugando a pele salgada, deixando marcas que ela teria de esconder sob um lenço nos dias seguintes. As minhas mãos abriram-lhe a camisa de botões, revelando um sutiã simples de algodão. Arranquei-o, não com delicadeza, mas com a ganância de quem quer ver, tocar, possuir. Os seus seios eram mais cheios do que eu imaginara, os mamilos escuros e já erectos, a pedir atenção.
A minha boca encontrou um, e ela arqueou as costas com um gemido abafado, os seus dedos a enterrarem-se no meu cabelo. “Sim… assim…”, sussurrou, uma súplica que me encheu de um poder brutal.
Despi-lhe as calças de ganga, um trabalho difícil no espaço apertado, até ela ficar apenas de cuecas brancas, simples, ridiculamente inocentes para o que estava prestes a acontecer. Ela ajudou-me, a tirar as minhas calças, e quando a minha pila ficou à vista, dura e impaciente, ela soltou um suspiro rouco.
“Meu Deus…”, murmurou, a sua mão a envolver-me, a sentir o peso, a textura. “É tão… grande.”
“E é toda tua esta noite, professora”, rosnou, posicionando-me entre as suas pernas.
Não houve preliminares prolongadas. A necessidade era demasiado grande. Cuspi na minha mão e esfreguei na minha pila, depois direto na sua entrada, já a sentir a humidade que a atravessava as cuecas. Ela ajudou-me a puxá-las para o lado, e então, olhando-a nos olhos, penetrei-a.
Ela era apertada. Incrivelmente apertada. Um grito sufocado escapou-se-lhe quando a preenchi completamente, os seus olhos a revirarem-se de prazer. Agarrei-lhe os quadris e comecei a mover-me, inicialmente com um ritmo lento e profundo, sentindo cada centímetro das suas paredes interiores a contraírem-se à minha volta.
“Mais forte, Gabo… por favor”, suplicou, as suas pernas a envolverem a minha cintura, os seus calcanhares a cavarem nas minhas costas.
Obedeci. O meu ritmo acelerou, tornou-se mais primitivo. As nossas pelves colidiam com um som húmido e obsceno, a abafar-se contra o ruído das ondas. A barraca tremia com a força dos nossos movimentos. Eu fodia-a com uma intensidade que surpreendia até a mim mesmo, uma mistura de desejo juvenil e de uma fantasia sádica de dominação. Era a minha professora, a mulher que me dava notas, a autoridade, e ali estava, debaixo de mim, a gemer e a suplicar por mais, completamente submissa ao meu corpo, à minha pila.
“Gostas que o teu aluno te foda assim, não é, professora?”, grunhi, enquanto a virava de quatro no colchão estreito.
“Sim… caralho, sim…”, gritou ela, a voz abafada pelo saco-cama, as suas mãos a agarrarem-se ao nylon do colchão.
Apanhei-a por trás, uma visão gloriosa, e entrei nela novamente, ainda mais fundo. As minhas mãos agarraram-lhe as ancas, marcando a sua pele pálida com os meus dedos. Inclinei-me para a frente e sussurrei no seu ouvido, palavras sujas, proibições que a faziam gemer mais alto, contorcer-se mais. Era um jogo perverso, e nós ambos estávamos completamente imersos.
Gozámos assim, numa explosão de gemos e de suor, os nossos corpos a colarem-se um ao outro na humidade quente da barraca. Depois, ficámos deitados, ofegantes, o silêncio a cair sobre nós como um cobertor pesado.
A noite não acabou ali. Acordámos no meio da madrugada e fodemos outra vez, mais lentamente, mais exploratoriamente, a minha boca a percorrer cada centímetro do seu corpo, a descobrir os seus pontos mais sensíveis, até ela tremer com múltiplos orgasmos, suplicando por clemência.
Quando o sol começou a pintar o céu de laranja, fizemos amor uma última vez, de frente, os nossos olhos presos um no outro, num momento de estranha ternura no meio daquela loucura. Foi quando ela quebrou o silêncio com uma frase que cortou o ar.
“Isto acaba aqui, Gabo. Quando sairmos desta barraca, isto nunca aconteceu.”
Beijou-me, um beijo longo e profundo, e depois vestiu-se em silêncio.
E assim foi. Na universidade, nas semanas e meses que se seguiram, éramos professor e aluno. Cumprimentámo-nos nos corredores com um aceno de cabeça formal. Nas suas aulas, eu sentava-me na fila da frente, e ela ensinava sobre ecossistemas costeiros como se nada fosse. Mas, por vezes, os nossos olhos cruzavam-se por uma fração de segundo a mais, e eu via um clarão daquela noite na sua pupila. Um segredo sujo, proibido e incrivelmente excitante que ambos partilhávamos. Um tesão que nunca mais se repetiu, mas que ficou gravado a fogo na minha memória, o dia em que comi a minha professora numa barraca, sob as estrelas da Bahia.


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