Abril 21, 2025

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O Renascimento de Carmem

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A bacalhoada repousava no centro da mesa. A luz cinzenta da janela entreaberta dançava sobre o azeite, que reluzia em tons dourados. Peixe e batatas, quase intocados, pareciam aguardar um vazio. Carmem ainda cozinhava como se fossem três. Giovana remexia o prato com o garfo, sem a menor intenção de levar a comida à boca. Era a primeira Páscoa sem Oswaldo — pai de Giovana —, falecido há poucos meses.

Um relógio na parede marcava o tempo com tique-taques insistentes. Uma brisa fria infiltrava-se pela janela, abafando o rumor distante dos carros. Giovana tentou romper o silêncio que reinava entre elas:

— Tá muito gostosa, mãe.

— Obrigada, filha. Fiz como seu pai gostava.

A fala fez Giovana apertar o garfo. Os nós dos dedos embranqueceram. Carmem desviou o olhar para a cadeira vazia onde ele sempre se sentava. Uma foto emoldurada na estante ao fundo acumulava pó. O silêncio retornou como uma muralha invisível entre elas.

Quando desistiram da comida, Carmem levantou-se. Recolheu os pratos com gestos automáticos. Despejou os restos no lixo, e pôs-se a lavar a louça. Giovana ofereceu ajuda, mas Carmem a dispensou com um aceno suave:

— Deixa, filha, eu faço.

Giovana sentiu o ar sufocante. Pegou o maço no bolso e murmurou:

— Vou ali fora.

Carmem, absorta, não respondeu.

No corredor estreito, a luz piscava. Giovana debruçou-se no parapeito. Acendeu um cigarro. O isqueiro soltou um clique seco. O hábito, herdado de Oswaldo, irritava Carmem pelo cheiro de nicotina. Por isso, ela preferia fumar ali.

Uma porta se abriu. Pagode, risadas e vozes cortaram o silêncio. Valéria surgiu com um saco de lixo na mão. Seus cabelos loiros reluziam na luz fraca. Jogou o lixo no duto e aproximou-se, com um sorriso iluminando o espaço:

— Fumando escondida, Gio? Você não cresce mesmo — brincou, em um tom leve.

— Não tô escondida, só precisava de um ar.

Ofereceu o cigarro. Valéria aceitou. Compartilharam o fumo, tragando alternadamente.

— E sua mãe, como tá?:

— Tá muito mal. — Suspirou, com os olhos embargados. — Ainda não superou.

— Imagino, foi tudo tão rápido

— Ela perdeu a vontade de viver. Tá sempre calada, muito deprimida.

— Cada um lida com o luto ao seu tempo. Ma às vezes, precisa de um empurrão de quem tá perto. Tô dando uma festa hoje. Por que vocês não vêm? Pode ajudar.

— Não sei, ela provavelmente não vai querer.

— Convence ela, Gio. Deixa que eu faço minha parte pra levantar o astral. Trabalho em equipe.

Giovana assentiu, incerta:

— Tá, vou conversar com ela.

— Tá bom, estou esperando vocês — Valéria amassou a bituca no parapeito, jogou-a fora e voltou ao apartamento.

Giovana entrou em casa. A luz fria refletia na pia, onde Carmem enxugava a última travessa, com os gestos lentos. Aproximou-se:

— Mãe, a Val convidou a gente pra uma festa no apartamento dela. Bora?

— Não, filha, vou dormir. — respondeu, sem olhar. — Mas você pode ir.

— Vai, mãe, pode ser bom. Só um pouquinho, pra distrair.

— Não tô com cabeça pra isso, Giovana.

— Mãe, você não pode ficar assim pra sempre. — insistiu, tentando animá-la. — Vamos, só hoje.

Carmem suspirou. Estava com o olhar distante, mas cedeu:

— Tá bom, eu vou. Mas não fico muito.

Valéria recebeu-as na porta com o sorriso caloroso que abraçava o espaço. A sala vibrava. Luzes quentes refletiam em garrafas de cerveja sobre a mesa. Um rádio tocava pagode. O ar trazia um leve cheiro de fritura, com um toque de álcool. Carmem entrou hesitante, com as mãos apertadas. O barulho a sufocava. Giovana, mais à vontade, guiou-a ao sofá. A anfitriã aproximou-se com uma caipirinha. Sentou-se ao lado de Carmem, com o braço repousando em seus ombros.

— Faz tempo que não te vejo, Carmem. Você quase não sai mais.

— É… não tava com muita vontade.

— Tá na hora de reaprender a viver, mulher. A vida não para. — Ofereceu o copo. — Prova essa caipirinha.

— Não, obrigada.

— Vai, só um gole. — Insistiu em um tom brincalhão. — Vai te fazer sentir bem.

Piscou para Giovana, com um sorriso que compartilhava um segredo. Carmem cedeu, tomou um gole e fez uma careta, contorcendo os lábios:

— Meu Deus, Val, isso tá forte a beça!

— Forte assim que é bom, Carmem. Desce quente, né? — Ela entregou o copo e levantou-se. — Fica com ele, vou pegar outro.

Carmem ficou no sofá, com o copo na mão. Olhou para a filha, revirando os olhos com um meio-sorriso. Tomou outro gole. A bebida aqueceu seu corpo. A expressão suavizou. Valéria voltou com outra caipirinha, sentou-se brevemente e incentivou Carmem a se juntar aos outros antes de seguir aos amigos.

Após o primeiro copo, Carmem aceitou um segundo. Levantou-se, hesitante, e sentou-se com eles. Giovana observava, surpresa e aliviada. Sua mãe jogava cartas, rindo timidamente ao ganhar uma rodada. No terceiro copo, sua expressão já havia mudado completamente. Gargalhava, conversava como se conhecesse aquelas pessoas há anos, fazia piadas.

À medida que a noite caía, os convidados partiram, deixando as três a sós. A sala parecia mais quente. Valéria puxou Carmem para dançar um forró, em tom de brincadeira:

— Vem, Carmem, dança comigo.

Embriagada, ela aceitou. Valéria segurou sua cintura, puxando-a para si. Seus corpos colaram. Giovana observava. Os movimentos de Valéria guiavam um olhar prolongado e um aperto firme em sua cintura. Sua mãe, desajeitada, ria, mas seguia o ritmo.

Foi quando notou o desejo nos olhos da vizinha. Elas trocaram olhares, onde Giovana pode captar sua intenção. Levantou-se e anunciou, em um tom de cumplicidade:

— Tô indo pra casa, mãe. Boa noite.

— Boa noite, filha. — Carmem, distraída, acenou rindo.

Com Giovana fora, ela agiu. Carmem tropeçou e riu, mas Valéria a segurousegurou:

— Calma, mulher.

Com o rosto vermelho, riu:

— Tô enferrujada, Val.

— Você tá precisando de prática. Te levo num forró bom qualquer dia, que tal?

— Obrigada, Val, eu precisava mesmo me divertir.

— Precisa mesmo — Valéria intensificou o olhar. — E quando você se libertar, vai poder se divertir bem mais.

— Como assim?.

— Você precisa entender que você não é uma viúva, Carmem. E sim uma solteira. E solteira vive, experimenta, se joga.

— Tô velha demais pra ser solteira. Além de que seria um desrespeito com o Oswaldo.

— Oswaldo ia querer te ver feliz. Você é uma mulher linda, ainda tem muito pra viver. Quem sabe explorar… sua sexualidade.

— O que quer dizer com isso?

— Bom, agora você pode experimentar coisas novas. Experiências que nunca viveu, como… fazer amor com outra mulher.

— O quê?! — disse Carmem, estupefata. Em gaguejos, continuou. – N-não… E-Eu nunca pensei em fazer isso.

— Você não sabe o que tá perdendo. É tão gostoso, Carmem. Eu posso te mostrar.

Ela desceu a mão à bunda, apertando. Carmem corou, sentiu um choque atravessar o corpo, mas também uma curiosidade que se intensificava pelo álcool. Tentou recusar:

— Não, Val, eu não… Eu não sou esse tipo de mulher.

Valéria pressionou o corpo contra o dela. Seus seios se tocaram, pernas entrelaçadas, o perfume dominando o ar:

— Eu também não era, até experimentar. Deixa eu te fazer sentir viva de novo — sussurrou.

— Não, eu…

Antes que pudesse completar, Valéria a beijou. Ela ficou tensa, mas pensou em como era bom sentir novamente o calor dos lábios de outra pessoa nos seus, então cedeu. Sua boca se abriu. As línguas se encontraram num beijo ardente, dançando num ritmo faminto.

Valéria agarrou a bunda enquanto levantava o vestido. O tecido subiu pelas coxas. Apertou a carne macia. Desceu ao pescoço, beijando a pele morena. Carmem gemeu, com os olhos fechados, um arrepio atravessou o corpo.

— Vem comigo — sussurrou Valéria.

Puxou-a pela mão ao quarto e a empurrou à cama. Seus cabelos se espalharam no travesseiro. Valéria subiu, com os joelhos afundando no colchão. Beijou-a com mais urgência. Abriu o decote do vestido. Os seios de Carmem saltaram, fartos, com mamilos escuros rijos. Valéria traçou círculos com os lábios, sugando com firmeza. Carmem arqueou as costas, gemendo, com as mãos agarrando os lençois.

A vizinha desceu as mãos, arrancando-lhe a calcinha. A umidade brilhava na luz dourada. Posicionou-se entre as pernas, os cabelos roçavam nas coxas trêmulas. Sua língua traçou caminhos lentos pelos lábios úmidos, o sabor doce e salgado enchendo a boca. Carmem retorceu. Dedos nos cabelos de Valéria. Gemidos escapando sem controle.

Ela intensificou, enfiando dois dedos, com os movimentos precisos, enquanto a língua chupava o grelo. Carmem contorceu o rosto, os seios subiam com a respiração. Um grito rasgou o quarto. As coxas apertaram Valéria. O prazer a fez tremer.

— Tá gostando? — Valéria ergueu o rosto, lábios brilhando.

— Sim… — Respondeu, ofegante. — Uma delícia.

— Eu avisei que era gostoso. Quer me chupar também?

— Eu?! Nunca fiz isso, Val.

— É fácil, toda mulher sabe. Faz o que gostaria que fizessem em ti. Eu te ajudo.

Reposicionou-se, pernas entre a cabeça de Carmem. A boceta, inchada e úmida, pairava perto da sua boca. Valéria abaixou o corpo. O calor tocava os lábios:

— Lambe devagar. Vai sentindo.

Carmem começou tímida, a língua explorando. O sabor era novo. Os gemidos de Valéria a fizeram estremecer. Agarrou suas coxas, agora com mais confiança. A língua traçava círculos firmes.

— Isso, Carmem, bem aí… mais rápido — gemeu Valéria, com os quadris movendo-se.

— Quero mais. — Disse, com o rosto lambuzado.

— Eu posso te dar bem mais.

— Então me dá — insistiu.

Valéria entrelaçou as pernas com as de Carmem. Suas bocetas se tocaram, a umidade misturando-se num calor pegajoso. Moveu os quadris lentamente, o atrito fazendo ambas estremecerem. O som molhado preenchia o quarto. Beijaram-se novamente, línguas dançavam no mesmo ritmo. Carmem gemeu, entregando-se. Sentiu o calor de Valéria enquanto o prazer crescia.

— Tá sentindo, Carmem? Como é quente… gostoso.

— Tô… não para, Val.

Valéria acelerou, o atrito intenso. Guiou as coxas, aprofundando o contato. Carmem gritou, com o prazer pulsando. Valéria inclinou-se para trás, apoiando-se nas mãos. O novo ângulo intensificou o toque.

— Tô… tô chegando, Val…

Valéria beijou-a com força. Quadris frenéticos. O som molhado misturava-se aos gemidos. Mordiscou o lábio de Carmem:

— Goza pra mim, Carmem. Me mostra que você ainda é viva.

Carmem gritou, o orgasmo a atravessou. As coxas apertaram Valéria, o corpo tremeu. A vizinha gozou em seguida, um gemido profundo, com as pernas entrelaçadas fundidas no calor.

Exaustas, desabaram na cama. Ofegantes. Corpos suados colados. Com olhos semicerrados, Carmem sentia o coração disparado e o corpo relaxado. Valéria acendeu um cigarro, ofereceu e ela aceitou. Fumaram em silêncio, fazendo a brisa refrescar a pele.

E foi naquela páscoa que Carmem renasceu.

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