O Sabor Proibido do McFlurry
Era um daqueles sábados preguiçosos de verão, em que o calor parecia derreter até os pensamentos mais claros. Eu e a Clara estávamos deitadas no chão da sala, sobre um tapete fofo, com o ventilador soprando ar morno sobre nossos corpos suados. A televisão estava ligada em algum filme que não prestávamos a menor atenção, era só ruído de fundo para o nosso marasmo. O apartamento pequeno parecia ter encolhido com a temperatura, e as roupas mínimas – eu de shorts e um top, ela de um vestidinho de alcinhas – eram a única concessão possível ao clima. O cheiro do nosso suor misturava-se com o do protetor solar que havíamos passado de manhã, criando uma aura íntima e salgada que era só nossa.
Clara era o meu oposto em quase tudo. Enquanto eu mergulhava nos livros e nas nuances das palavras, ela era pura ação, impulsividade e calor. Seu cabelo curto, escuro como ébano, contrastava com a minha pele mais clara, e seus olhos castanhos sempre tinham um brilho malicioso que me deixava em alerta, numa deliciosa tensão. Naquele dia, porém, até a energia dela parecia amortecida pelo calor. Ela virou-se de lado, apoiando a cabeça na mão, e olhou para mim com um sorriso lento e sonhador.
“Estou com vontade de comer algo doce”, ela disse, a voz um pouco rouca pela preguiça. “Algo… gelado.”
“Eu também”, respondi, passando a língua nos lábios ressecados. “Mas acho que não tenho coragem de sair nesse forno. Podemos pedir algo por delivery.”
“Já sei!” Seus olhos brilharam de repente, e eu conhecia aquele brilho. Era o prenúncio de uma das suas ideias que desafiavam o comum, que misturavam o proibido com o irresistível. “A gente pede aquele McFlurry do McDonald’s. Dois. E a gente… bem… a gente não come da maneira normal.”
Franzi a testa, intrigada. “Como assim, ‘não normal’?”
Ela se aproximou, rolando sobre o tapete até que seu rosto estivesse a centímetros do meu. Seu hálito cheirava a menta e a calor. “A gente põe no meu cu”, sussurrou, e a vulgaridade da palavra dita com aquela voz suave me fez estremecer por completo. “Você coloca aquele gelado todo no meu rabo, bem naquele lugar quente, e depois… você lambe. Você come o helado de lá.”
Meu estômago deu um volta. A timidez que sempre me caracterizou gritou por dentro, um eco de alarme. Mas por baixo dela, uma corrente de fogo percorreu-me o corpo, concentrando-se num ponto baixo e úmido entre as minhas pernas. A Clara tinha esse dom: de pegar nas minhas inseguranças e transformá-las em combustível para a nossa luxúria.
“Clara… isso é…”, tentei protestar, mas a minha voz saiu fraca.
“É o que?”, ela desafiou, mordendo o lábio inferior. “É nojento? É errado? É delicioso? Diz, Alice. Usa essas palavras lindas que você adora.”
Ela sabia como me atingir. As palavras. Elas eram a minha armadura e o meu ponto fraco. E aquele cenário que ela pintava era repleto de sensações para descrever: o contraste do gelado e do quente, a textura, o sabor adulterado, a vergonha, a entrega.
“É… diferente”, consegui dizer, e ela riu, um som baixo e vitorioso.
“Então é isso. Vou pedir.” Ela pegou o telemóvel com uma agilidade que o calor não permitia ao resto do seu corpo.
Enquanto ela digitava, meu coração batia num ritmo acelerado. As imagens invadiam a minha mente sem pedir licença: o chocolate branco do McFlurry escorrendo pelas suas nádegas morenas, a minha língua seguindo o rastro doce e salgado… Eu estava molhada. Molhada de uma forma que o calor não tinha culpa. Apertei as pernas, tentando aliviar a pressão, e ela viu. Sempre via.
“Já está a ficar excitada, não está, minha poetisa?”, ela zoou, terminando o pedido. “Agora é esperar. E… se preparar.”
Os minutos que se seguiram foram de uma tensão quase insuportável. Cada olhar, cada movimento casual dela, era carregado de significado. Ela levantou-se e foi até ao quarto, voltando com uma toalha escura, que estendeu no centro do tapete. “Para não sujarmos tudo”, explicou, com um pragmatismo que contrastava com a loucura da situação.
Quando a campainha tocou, eu dei um pulo. Clara atendeu a porta, pagou, e voltou para a sala com o saco do McDonald’s. Aquele cheiro familiar de fast-food parecia tão banal, tão comum, em contraste com o que íamos fazer. Ela tirou os dois copos de plástico e duas colheres.
“Está um pouco derretido”, anunciou, olhando para dentro de um deles. “O calor da viagem. Mas talvez até fique melhor assim.”
Ela colocou os copos no chão e, olhando-me nos olhos, começou a tirar o vestido. Puxou pelas alcinhas e deixou o tecido leve deslizar pelo corpo até aos pés, ficando apenas de calcinha fio dental preta. A sua coragem sempre me deixou sem fôlego. Ela deitou-se de bruços sobre a toalha, apoiando-se nos cotovelos, e olhou para mim por cima do ombro.
“Vamos lá, Alice. É a tua vez.”
Minhas mãos tremiam ligeiramente quando peguei no primeiro copo. A textura do plástico era gelada e suada. Abri a tampa. O helado de chocolate branco e caramelos estava mesmo meio derretido, uma mistura cremosa e granulada. O cheiro doce encheu o ar, misturando-se ao nosso suor.
“Põe tudo”, ela ordenou, sussurando, afastando as nádegas com as mãos, expondo a calcinha preta e, por baixo dela, a fenda que eu conhecia tão bem. A minha boca ficou seca.
Despejei o conteúdo gelado lentamente, primeiro sobre o pequeno espaço de pele entre as suas costas e o elástico da calcinha. Ela arqueou as costas e soltou um suspiro ofegante quando o frio tocou a sua pele quente. “Meu Deus… que frio…”
Continuei, despejando o resto diretamente sobre o tecido preto da calcinha, que rapidamente ficou encharcado e pegajoso. O helado derretido escorria pelas suas coxas, formando um pequeno lago na toalha escura abaixo dela. A visão era surreal. Vulgar. E incrivelmente erótica.
“Agora tira a calcinha”, ela pediu, a voz tensa. “E come.”
Deixei o copo vazio de lado e, com dedos que ainda tremiam, agarrei o elástico da sua calcinha e puxei para baixo, revelando o seu rabo completamente. A pele morena estava manchada de branco e castanho do helado. O contraste era visceral. O meu coração parecia querer sair do meu peito.
Inclinei-me. O cheiro era uma mistura enlouquecedora: o doce intenso do chocolate e do caramelo, e o musk terreo, salgado, uniquely dela. Fechei os olhos por um segundo, vencendo a última barreira de timidez, e estiquei a língua.
O primeiro contacto foi uma explosão de sensações. O gelado derretido, ultra-doce, quase artificial. E por baixo dele, o sabor salgado da sua pele, o sabor único e íntimo do seu corpo. Era nojento. Era delicioso. Era proibido. Era nosso. Lambi uma faixa longa, desde o início da sua fenda até ao topo das suas nádegas, recolhendo a mistura doce e salgada. Ela gemeu, um som profundo e gutural, e enterrou o rosto no braço.
“Isso… assim…”, ela encorajou, a voz abafada.
Continuei, perdendo-me naquele acto. Já não havia timidez, não havia literatura, não havia calor. Só havia aquele sabor, aquele cheiro, os gemidos baixos dela. A minha língua explorava cada centímetro da sua pele, limpando o helado, mas procurando algo mais. Procurando ela. Quando a minha língua encontrou o seu centro, aquele ponto mais íntimo e quente, ela gritou. O seu corpo estremeceu violentamente.
“Ai, Alice! Right there… não para…”
A minha língua circulou o seu cú, beijando, lambendo, sugando o resto do helado que se acumulava lá. Era uma mistura de sabores intensa, corrupta, viciante. Eu estava de joelhos, com o meu próprio corpo a pingar de desejo, a minha calcinha encharcada. Uma das minhas mãos agarrou a sua nádega, afastando-a mais, enquanto a outra se dirigiu instintivamente entre as minhas pernas, pressionando o clitóris através do tecido do meu short, procurando alívio para o fogo que ela acendera em mim.
“Vira-te”, supliquei, a voz rouca e irreconhecível. “Quero ver a tua cara.”
Ela obedeceu, virando-se com dificuldade sobre a toalha suja de helado. O seu rosto estava ruborizado, os olhos vidrados de prazer. O helado estava espalhado pela sua barriga, pelos seus seios. Sem hesitar, ela pegou no segundo copo e despejou-o sobre o seu torso, sobre os seus seios pequenos e firmes, sobre o seu estômago. A visão foi ainda mais poderosa.
“Agora vem cá”, ela ordenou.
Deitei-me sobre ela, alinhando os nossos corpos, e começamos a beijar-nos freneticamente. O sabor na nossa boca era o mesmo: doce, salgado, nós. A minha boca desceu do seu pescoço para os seus seios, lambendo, chupando o helado misturado com o suor do seu vale entre os seios. Ela arfava, os dedos enterrados no meu cabelo, puxando-me com força.
“Preciso de ti”, ela gemeu. “Agora.”
Rastejei para baixo no seu corpo, espalhando helado por todo o lado, até estar entre as suas pernas. Afastei-as e mergulhei a cara na sua vulva, que estava quente e pulsante, completamente imune ao gelado que a rodeava. A minha língua encontrou o seu clitóris inchado e eu ataquei-o com a mesma fome com que lambera o helado. Ela gritou, os quadris a bombarem contra a minha cara, as suas mãos a agarrarem o tapete como âncoras. O seu gosto era o melhor de todos, puro, intenso, e completamente Clara. Ela não durou dois minutos. O seu corpo arqueou num orgasmo violento, um grito abafado saindo dos seus lábios enquanto as suas pernas tremiam around my head.
Quando as contrações pararam, ela puxou-me para cima dela, beijando-me com uma fúria possessiva, conseguindo saborear a si própria na minha boca.
“Agora é a minha vez”, rosnou, virando-me de costas com uma força que eu não sabia que ela tinha.
O resto da tarde passou-se num blur de sensações. Ela lambeu o helado derretido das minhas costas, do meu rabo, de dentro do meu umbigo. Quando a sua língua finalmente encontrou o meu centro, eu já estava à beira do orgasmo. Ela comeu-me com uma ferocidade que me fez ver estrelas, os seus dedos a enterrarem-se nas minhas carnes, e eu desfiz-me completamente, chorando e gritando o seu nome naquele apartamento abafado.
No final, ficámos deitadas uma em cima da outra, sobre a toalha pegajosa e derretida, os nossos corpos melados de suor, helado e outros fluidos. O cheiro era doce, salgado, e a nós. O calor ainda estava lá, mas já não importava. Clara pegou num resto de caramelo do chão e levou-o à minha boca.
“Escreve um poema sobre isto”, desafiou-me, com um sorriso cansado e maroto.
E eu sabia que, por mais que tentasse, nenhuma palavra jamais capturaria aquele doce, sujo, perfeito e proibido sabor daquela tarde.
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